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1,2,3,4...16! Gabriel vence 2 das 4 etapas australianas e dispara na liderança, em sua 16º vitória.

Foto do escritor: Redação | Vision Surf |Redação | Vision Surf |

Antes de mais nada é necessário dizer: Na atual geração, Gabriel Medina alguém sem igual!

Dois meses depois de seu início, enfim longa perna australiana chegou ao fim, é preciso falar que a WSL fez um grande esforço para realizar essa perna atípica, mas, ainda que em plena pandemia mundial, necessária. Depois de ter negativas dos governos de Queensland e Victoria, Estados que sediam Gold Coast e Bells respectivamente, a entidade que administra o surfe conseguiu licenças em New South Wales e Western Austrália para suprir as ausências das tradicionais etapas por Newcastle, Narrabeen e ainda a novata Rottnest Island. Embora Newcastle e Narrabeen sejam beach breaks, as condições não deixaram a desejar e supriram com louvor as ausências das tradicionais Gold Coast e Bells.

Ao chegar em Rottnest Island, uma onda completamente desconhecida para a elite do surfe mundial, o Brasil já tinha faturado quatro vitórias de seis possíveis, sendo três vitórias no masculino e uma no feminino, para surpresa de todos, Tatiana Weston-Webb e Filipe Toledo vencedores de Margaret River, caíram nas fases iniciais em Rottnest, fato esse que por si só já indicaria uma movimentação nas posições de cima do ranking, o que deixaria o jogo bastante interessante dali em diante.

A perna australiana chegou em sua última etapa com a Austrália sem nenhuma vitória, no feminino Isabella Nichols e Stephanie Gilmore já haviam feito finais, no masculino o retrospecto era pior, o melhor resultado entre os homens havia sido uma semifinal do Morgan Cibilic em Newcastle, e para deixar o cenário ainda mais desesperador para o país, a última vitória deles no tour foi em Teahupoo 2019, com Owen Wright, mas em Rottnet tudo mudou para os australianos, o que não mudou absolutamente nada, foi o domínio brasileiro na maior ilha do planeta.

Com o desenrolar da competição surgia uma nova revelação para a Austrália, Liam O´Brien, um wildcard, Liam passou por nomes como Jeremy Flores, Filipe Toledo, Seth Moniz e Miguel Pupo, até parar nas semifinais. Contra Miguel, ficou a impressão de um resultado bastante questionável, nada próximo das teorias conspiratórias que indicam que a WSL quer parar os brasileiros a qualquer custo, mas, muito dentro da subjetividade que explica qualquer onda mal julgada dentro da percepção de quem não é juiz, sim, a bateria que o Liam passou do Miguel, poderia ter ocorrido uma vitória do Miguel contra Liam, mas a subjetividade que envolve o surfe não deixou, assim como não permitiu também que Adriano avançasse sobre Ítalo, isso é do surfe, se você não ganhar atropelando, a subjetividade pode te atropelar.


Yago Dora Round16 - Foto:WSL

Na fase anterior, no Round 16, Yago Dora que vem evoluindo absurdamente competitivamente, fez aquilo que ninguém fez em Rottnest, uma combinação de dezoito pontos, Yago não apenas fez a maior soma da competição como também fez sua melhor média na elite, além disso, o brasileiro fez a segunda melhor média do ano, ele foi impiedoso com o Connor O´Leary ao obriga-lo voltar para casa em uma combi, sem portas, sem janelas, sem freio, sem direção, sem saída, Connor saiu desnorteado.

No round seguinte Yago encontrou Ítalo Ferreira, o campeão mundial fez um somatório bem mediano, deixando claro mais uma vez que se a esquerda não tiver boas possibilidades de aéreos ele não consegue chegar nos high scores, mas, assim como outros grandes campeões, mesmo sem surfar bem eles fazem o suficiente para passar, no caso de Ítalo, muito favorecido em virtude dos erros de Yago, Ítalo avançou para encontrar Gabriel Medina na segunda semifinal, fazendo a semifinal da chave brasileira. Três campeonatos depois, enfim a Austrália voltava a fazer uma semifinal, dessa vez com dois surfistas, as revelações Liam O´brien e Morgan Cibilic. Com esse desenho a competição se resumiria em uma final entre Brasil e Austrália, não só isso, entre os australianos, aquele que passasse faria sua primeira final na elite, e não deu outra, o rookie mais encrespado desde a chegada de Gabriel Medina venceu e avançou com sua confiança inabalável para a sua tão sonhada primeira de provavelmente muitas finais.


Ítalo Ferreira - Foto:WSL

Na outra semifinal, Ítalo já abriu a bateria recorrendo à sua zona de conforto, os aéreos, mas o vento não permitia uma pilotagem segura nos voos, enquanto ele abriu procurando as rampas, Gabriel abriu procurando a face, em sua primeira onda o líder atacou um lip que despencava do quarto andar, já linkando para uma pancada onde ele solta as quilhas em velocidade, finalizando na junção com uma batida de fundo de prancha, atacando sempre no crítico e variando nos três movimentos, já em sua primeira onda Gabriel fazia 8.50 pontos.

As ondas de Gabriel são tão incontestáveis que fazem com que a WSL achate suas notas em alguns momentos, não pelo desejo de pará-lo, não mesmo, más sim para deixar espaço na escala de notas para tudo que Gabriel ainda pode fazer, e isso vem acontecendo, principalmente nas baterias onde ele já abre em um visível high score, pense o seguinte: Gabriel não cansa de se superar surfando, e a WSL precisa ajustar a régua para traduzir a possibilidade de uma onda melhor que a outra em notas. Não é fácil pontuar um surfista com a capacidade de superação e o vasto repertório que Gabriel Medina tem, a bateria contra Ítalo é um exemplo disso, Gabriel explorou os principais fundamentos do surfe em apenas trinta minutos, ele fez sua melhor nota usando o recurso de base e lip, foi para um tubo profundo caindo na saída, voou para a esquerda e para a direita, mostrando que também cabia progressividade. É verdade, ele não saiu do tubo e seus aéreos não foram tão bons, mas, e se fosse ao contrário? Quais notas ele mereceria nessas ondas? Como podemos ver julgar Gabriel não é uma tarefa fácil, por isso nós sempre temos a impressão de notas achatadas, e elas são, simples assim. Mesmo com as notas achatadas, Gabriel avançou contra seu maior algoz no tour, indo para sua quarta final em cinco etapas.

Antes da final masculina entrou na agua a final feminina, Johanne Defay que vinha fazendo seu melhor surf ao surfar de shortinho, na final usou um long, parece que a falta de intimidade com a roupa lhe travou. Independente disso, a campeã Sally Fitzgibonns achou as melhores ondas, surfou com propriedade e deu a Austrália sua única vitória em um universo de seis possíveis, parabéns Sally.

Quando a final masculina foi para a água Morgan Cibilic usou a única estratégia possível para tentar venceu o embalado Gabriel, ele usou a prioridade para ir na boa, e assim foi, ele fez uma onda abusando da verticalidade que surfar de back proporciona, más ao não completar a manobra final, acabou que a onda não foi boa o suficiente, desse momento em diante Gabriel entrou em seu melhor modo, o matador que vai construindo sua bateria sem a prioridade, atacando os lips na lata e mostrando que nem só de aéreos vivem os high scores. De posse da prioridade Gabriel surfou uma onda mediana que parecia correr mais rápido pela bancada, nesta onda o brasileiro conseguiu sua maior pontuação mais uma vez usando um clássico que jamais sairá de moda, o bom e forte base lip, ao finalizar Gabriel foi tentando trocar de nota enquanto Morgan continuava aguardando a boa que não veio. Resultado disso? A quarta derrota de Morgan Cibilic para Gabriel Medina em cinco etapas, e, a 16º vitória de Gabriel Medina na elite do surfe mundial, um número que diz muito sobre quem é esse surfista com relação aos seus principais adversários. Filipe Toledo tem 09 vitórias, John John 08, Ítalo e Adriano 07, Julian e Jordy 06 cada um, essa comparação nos leva de volta ao primeiro parágrafo desta matéria, Gabriel Medina é alguém sem igual no atual momento do surfe, parabéns Champ, saiu da perna australiana com 8 mil pontos à frente de Ítalo e 17 mil pontos à frente de Morgan Cibilic, surfista que fecha o grupo dos cinco que vão para o WSL Finals, com essas pontuações Gabriel Medina e Ítalo Ferreira praticamente se garantem nesse grupo.


Gabriel Medina carregado por Yago e Miguel - Foto:WSL

Três considerações precisam ser feitas:

1º Dos quatro finalistas entre masculino e feminino, três deles. Morgan Cibilic, Sally Fitzgibbons e Johanne Defay estão usando as pranchas Sharpeye, do brasileiro Marcio Zouvi.

2º Ethan Ewing e Jack Robinson, os mais badalados surfistas da nova geração australiana, foram atropelados pelo surfe convencional e mente vencedora de Morgan Cibilic.

3º Gabriel Medina tem duas vitórias e dois vice-campeonatos na temporada, ainda teremos pela frente Surf Ranch e Teahupoo, se ele repetir as atuações dos últimos anos nestas ondas, ele vai colocar mais de 15 mil pontos de frente para o segundo colocado, se o modelo que define o campeão fosse igual ao modelo dos 45 anos anteriores, provavelmente ele seria campeão antecipado.

A perna australiana acabou, precisamos reconhecer os esforços da WSL para realiza-la, esse ano ela representa metade das etapas. Agora o horizonte está no Surf Ranch, uma onda mecânica que deixa todos em pé de igualdade, dizem por ai que Kelly paga o IPTU da piscina, más que o verdadeiro dono é Gabriel Medina, e você, o que acha? De 18 a 20 de junho descobriremos se isso é verdade ou apenas intriga da oposição, o Surf Ranch vem aí, façam suas apostas.

Segue os cinco primeiros do ranking:

1° GABRIEL MEDINA – 38.920 Pontos

2º ÍTALO FERREIRA – 30.235 Pontos

3º JORDY SMITH – 22.505 Pontos

4º FILIPE TOLEDO – 22.065 Pontos

5º MORGAN CIBILIC – 21.290 Pontos.


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