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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

A elite do surfe profissional está de volta, a temporada WSL 2021 está oficialmente aberta.

Ao longo dos anos nos acostumamos a ver Pipeline encerrando o circuito mundial, más em um ano que o mundo moderno conheceu uma pandemia global, recebemos sinais de que as coisas seriam diferentes em muitos aspectos, inclusive no surfe, e eis que depois de 44 anos de circuito profissional, a rainha do pacifico será a onda de abertura do tour, e sim, o tour masculino está oficialmente aberto em 2020.


Eala Stewart - Foto Instagram

Aconteceu ontem em ondas que beiravam 12 pés o Pipe Invitational, o eveto de triagem que define os dois surfistas que disputarão o Pipeline Masters com a elite do surfe mundial.

O Evento aconteceu com altas ondas do início ao fim, com o mar chegando no seu ápice nas baterias finais, foi um show de surfe, além de definir os dois surfistas que vão disputar o Pipe Masters revelou um havaiano pouco conhecido, Eala Stewart, ele ficou com a terceira colocação da etapa, mas certamente foi o mais atirado, estiloso e carismático surfista do dia, com a ausência de Owen e Adrian, existe uma possibilidade de Eala competir no evento principal.


Joshua Moniz - Foto WSL

O vencedor da triagem foi o havaiano Joshua Moniz, o havaiano fez a maior somatória da competição na bateria final somando 19.20 pontos, ele vai enfrentar Gabriel Medina e Adriano de Souza, o segundo colocado foi o peruano Miguel Tudela, que vai encarar o campeão mundial Ítalo Ferreira e estreante Matthew McGillivray.


Leonardo e Mykey

A outra competição que aconteceu no dia de ontem foi entre o italiano Leonardo Fioravanti e o australiano Mikey Wright, eles duelam em três baterias para conseguirem a vaga para a elite em 2021, a princípio a vaga seria garantida para aquele que estivesse melhor no ranking após três etapas, mas a WSL mudou a regra em virtude da pandemia e essa vaga será definida em uma disputa de melhor de três baterias em Pipeline, ontem aconteceram duas delas, o jogo está empate, a primeira bateria foi vencida pelo australiano e a segunda pelo italiano, provavelmente hoje antes da elite entrar na agua deve acontecer a terceira bateria.

O Pipe Masters 2020 teve sua janela aberta ontem, a elite deve cair no mar hoje 09/12 à partir das 14:30hs, o campeonato deve acontecer nas melhores condições dos últimos anos. As condições do mar deve fazer uma seleção natural de seus desafiadores, nomes como Kelly Slater, John John e Gabriel Medina são as principais apostas, nas condições que a competição deve acontecer eles estão no topo da cadeia entre os predadores de Pipeline, contudo outros nomes não podem ser ignorados, Ítalo Ferreira é o atual campeão mundial e Pipe Master, embora ele tenha feito uma competição razoável o ano passado, surfando bem realmente a semifinal e a final, Ítalo vem treinando forte e fazendo excelentes performances no free surf em condições que há tempos atrás ele não tinha bons desempenhos, Ítalo entrou em um modo de evolução que o céu é o limite para ele, o champ não está entre os mais prováveis para vencer nas condições deste ano, mas não seria uma surpresa ao observar suas performances.

Jeremy Flores é outro nome que não se pode ignorar, Jeremy já venceu quatro etapas no tour, todas elas foram em tubos, uma em Teahupoo onde ele venceu na final Gabriel Medina, venceu em condições tubulares também na França, onde ele eliminou ninguém menos que Ítalo Ferreira na final e para completar ele venceu duas vezes em Pipeline, sim, Jeremy Flores é bicampeão em Pipe, 2010 e 2017, derrotando Kieren Perrow e John John Florence respectivamente, com esse retrospecto, ninguém seria capaz de descartar Jeremy como possível campeão.

Julian Wilson é aquele cara que sempre é candidato a tudo, más quando chega em Pipe as apostas nele dobram, Julian é Pipe Master e já fez outra final lá, tanto na vitória quanto na derrota ele enfrentou aquele que é seu maior rival na carreira, Gabriel Medina, tanto na vitória como na derrota ele sempre faz apresentações solidas naquela onda, se aproximando do final de sua carreira, sem patrocínio de bico e com o desenho do tour mudado, onde as etapas iniciais favorecem ainda mais seu surfe, não se espantem se vermos Julian Wilson na final, ele é aquilo que popularmente chamamos de osso duro de roer. Esse é o “time B” com possibilidades de vencer Pipeline, é bom incluirmos nele também o estreante Jack Robinson, fiquem de olho nesse cara, sim, ele pode vencer.

O “time A” é composto por Kelly Slater, John John Florence e Gabriel Medina, vejamos porque. No auge de seus 48 anos, Kelly Slater é para nós do surfe sem nenhum espeço para qualquer subjetividade, aquilo que podemos chamar de “Rei de todas as Majestades”, o surfe tem muitos nomes importantes que podem ser considerados como Vossas Majestades, más nenhum deles passou tanto tempo vencendo diante de nossos olhos como Kelly Slater, vimos ele construir sua história na frente de nossos computadores, TVs e até mesmo com os pés na areia, facilidade que não tivemos com Curren, Carroll ou Occy, a longevidade da carreira de Kelly nos permitiu assistir em tempo real suas apresentações que o promoveram a maior de todos os tempos, Kelly tornou-se um Deus diante de nossos olhos.


Kelly Slater

Com 56 vitorias na carreira sendo 54 delas na elite do surfe mundial, o Deus do surfe construiu bastante dessa reputação em Pipeline, naquela onda ele venceu 07 vezes ao longo da carreira 92, 94, 95, 96, 99, 2008 e 2013, embora hoje outros nomes sejam mais dominantes do que Kelly, o swell que está previsto para encostar no Norte Shore leva o Careca para o protagonismo total, se confirmando essa ondulação não será surpresa vermos o oitavo título do Deus do surfe na rainha do pacifico, se isso acontecer, de quebra ainda veremos o careca surfar com a camisa amarela em Sunset. Desde que a lycra foi instituída de uso exclusivo do líder, ainda não vimos o ET emprestar sua magia a ela, se isso acontecer seria apenas mais uma das milhares de proezas que Kelly já realizou em sua carreira, fiquem atentos, o swell descontrolado que está encostando no Norte Shore de Oahu está para a experiência, o talento e o conhecimento de Kelly, mais do que para qualquer outro.


John John Florence

Mas se observarmos o tabuleiro mais atentamente percebemos que as condições para John John também são excelentes, o havaiano nasceu naquele litoral, começou a brincar nas pequenas espumas do North Shore aos dois anos de idade, aos cinco ele já surfava realmente, e aos oito além de dropar nos swells medianos de Pipeline, ele já vencia todas as competições mirins nas ilhas havaianas, e, aos treze ele foi o surfista mais jovem a participar da Tríplice Coroa Havaiana, com esse histórico, o mundo o elegeu como futuro predador de Pipeline, aquele cara que estaria no topo da cadeia predatória daquela onda. Não podemos negar, John John está nesse topo, mas aos 28 anos, entrando em sua decima temporada no tour, mesmo fazendo apresentações isoladas que lhe permitem estar sempre no seleto grupo de favoritos em Pipe, o havaiano ainda não brilhou como o mundo esperava, embora faça excelentes apresentações naquela onda, duas finais (2013 e 2017) é muito pouco para quem cresceu encarando os maiores e mais perigosos swells daquela bancada, nessas duas finais ele perdeu para Kelly Slater e Jeremy Flores respectivamente.

Há dez temporadas no tour, o mundo e em especial os havaianos esperam uma vitória de John John em seu quintal, para aumentar ainda mais a pressão sob o havaiano, no último Pipe Master ele foi colocado em uma combinação animal, seu algoz, que aliás já fez quatro finais com uma vitória em Pipeline foi Gabriel Medina, seu maior adversário quando o assunto é performance.

Este ano as condições podem favorecer a John John, ao que tudo indica ela estará extrema, tal qual as condições que ele costuma surfar nos meses de inverno depois que o circo da WSL deixa Oahu, aliás, ele e Kelly. Se confirmando o swell por toda a competição, o duelo será duro entre o Rei e aquele que lá atrás era considerado o príncipe de Pipeline, esse ano as condições também são favoráveis a John John, fiquemos de olho.


Gabriel Medina

Já Gabriel é aquele cara que em seu primeiro ano no Tour venceu duas etapas em dois meses, o brasileiro chegou revolucionando o surfe mundial com seu arsenal de aéreos inovadores, logo recebeu o apelido de Medina Air Lines pelos outros competidores do tour.

Quando chegou a hora de Pipeline os gringos descobriram que o garoto de Maresias era muito mais que um especialista em aéreos, descobriram que ele era bem mais perigoso nos canudos do que nas rampas de voo. Naquele ano de 2011 o Pipe Masters aconteceu em condições críticas, o mar estava grande, pesado e na maior parte dos dias torto, era um mar para especialistas, e Gabriel estava lá fazendo grandes performances, venceu Shane Dorian no meio do caminho e parou nas quartas de final para o campeão do evento Kieren Perrow, que naquela ocasião se despedia em grande estilo das competições.

De 2011 para cá, Gabriel vem colecionando vitorias em ondas de consequência, já venceu em Fiji, Teahupoo e sim, ele é um Pipe Master. Não podemos ignorar as duas décadas de sucesso do Kelly nessa onda, também não cabe nenhuma discursão sobre o talento e as possibilidades de vitorias de John John, no entanto quando o Pipe Masters 2020 começar, uma afirmação pode ser feita. Ninguém é mais letal em Pipeline neste momento do que Gabriel Medina. Gabriel venceu impressionantes 70 por cento de suas baterias em Pipe, a maior porcentagem de qualquer surfista ativo no Tour, isso não é um achismo, é uma informação oficial da WSL, Gabriel não é o cara mais difícil só por causa de seu talento, ele é o mais letal porque tem estratégias diferentes para situações diferentes, um exemplo claro disso foi sua bateria contra Caio Ibelli o ano passado, ou aquele bloqueio em Kelly em 2017, ele se sente confortável com toda a pressão da decisão e pensa fora da caixa, não podemos esquecer que em 2015 ele tirou Mick Fanning do jogo com um aéreo em um mar sem tubos, embora os alguns tenham ridicularizado a decisão, ele teve a ousadia de fazer o improvável, aquilo que ninguém faria, no entanto esses exemplos só nos remete ao improvável, quando ele tem que fazer o provável, ele sai de uma situação de combinação para colocar seu adversário em combinação, como ele fez com o Conner Coffin em 2018 quando o título mundial estava em jogo, e apenas para definir Gabriel Medina, ele surfa o Back Door tão bem quanto Pipeline, ele é o único goofy com dois dez para o difícil direita, em suma, Gabriel Medina vence pelo talento, estratégia, inteligência competitiva e assume os riscos que ninguém quer assumir. As condições desse ano favorecem a Kelly e John John? Sim, mas Gabriel não depende de condições, ele pode vencer de 3 a 15 pés, nos últimos seis anos ele fez quatro finais em Pipe, por tudo isso ele se une a Kelly e John John como favoritos para a etapa de Pipeline este ano, o show será certo.

Já o tour feminino começou dia 04 de dezembro, o Maui Pro começou com altas ondas e um show de performance das meninas, faltam apenas quatro baterias para o final, elas aconteceriam ontem, mas em virtude de um ataque de tubarão a um free surfer antes da competição começar, o dia de competição foi cancelado, a WSL informa em seu site que a competição está suspensa por tempo indeterminado, até novo aviso.

Estão na competição ainda Sage Erickson e Tatiana Weston-Webb que irão disputar a ultima bateria das quartas de final, além de Tayler Wright e Sally Fitzgibbons que já estão classificadas para disputa da primeira semifinal e Carissa Moore, aguardando a vencedora entre Sage e Tati Weston, a janela da competição vai até o dia 15 de dezembro.

Depois de um parado ano o surfe voltou, com um novo desenho de etapas e uma nova forma de definir o campeão, uma forma bastante contestada, esperamos que ao final da temporada o mundo veja um campeão vencendo por mérito, não pela sorte de um único dia.

Sejam bem vindos, o surfe competitivo está ON.


Por: Marcos Aurélio Chagas

Redação | Vision Surf

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