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Em um equilibrado duelo entre a experiência e a juventude, quem venceu em Salvador foi o surfe.

Foto do escritor: Redação | Vision Surf |Redação | Vision Surf |

Atualizado: 15 de mai. de 2022


A segunda etapa do Circuito Banco do Brasil terminou em Salvador e já deixa saudade, além do grande nível competitivo, foram três dias de altas ondas e muito surfe nas águas da bela Stella Maris, os Deuses do surfe proporcionaram ao público um Finals Day de gala, muito sol, público presente na praia e os competidores respondendo ao swell surfando no mais alto nível, para coroar esse roteiro, Stella foi palco de uma grande quebra de braços entre a experiência e o novo, nessa disputa onde o equilíbrio foi o resultado, o surfe venceu.

Foi muito bom ver nomes como Alan Jhones, Amando Tenório, Arthur Silva, Franklin Serpa, Krystian Kymerson, Israel Junior e outros, encarando a garotada de igual para igual, a experiência muitas vezes se sobrepôs ao ímpeto destemido de vitorias que essa nova geração traz consigo.


Silvana Lima - Foto: Daniel Smorigo | WSL

O dia final começou em Salvador com as meninas duelando com garra, a campeão Silvana Lima venceu duas surfistas da nova geração, Tainá Hinckel e na final a novíssima Kemily Sampaio, as finalistas chegaram a bateria decisiva sem nenhuma margem para subjetividade, Kemily, surfista paulista de 17 anos, entrou na final com o sorrisão estampado no rosto, parecia que já estava satisfeita em estar ali, já Silvana Lima, tricampeã brasileira, duas vezes vice-campeã mundial, surfista brasileira mais vencedora da história, no auge de seus 37 anos, entrou com gana de vencer mais uma vez na Bahia, Silvana marcou 13.60 enquanto Kemily somou 9.77, na guerra de gerações a experiência venceu o novo no campeonato feminino, Silvana sai de Salvador dividindo a liderança do circuito Banco do Brasil com Tainá Hinckel, tudo será decidido em Ubatuba.

Gabriel Klaussner - Foto: Daniel Smorigo | WSL

No masculino o dia começou com Gabriel Klaussner, único surfista a encontrar um tubo em Stella Maris, derrotando a eficiência do surfe de Franklin Serpa, Serpa é aquele cara que coloca a prancha no lugar certo na hora certa, ele obedece a absolutamente todos os critérios que os juízes definem no início de cada dia, contudo, nesse confronto, a variedade de fundamentos apresentado por Klaussner, que voou, entubou, inverteu e também usou muita borda, derrotou a eficiência e a sensatez apresentada no lineup pelo experiente Serpa.

Marcos Correa que vinha fazendo interferências cirúrgicas com seu backside afiado nas water lines de Stella Maris, acabou não encontrando boas direitas para subir suas notas, Correia parou diante de um adversário que apesar de surfar menos ondas, estava em seu dia, ele perdeu nas quartas para o virtual campeão do evento, o cara que puxou a régua para cima, Heitor Mueller.

Na bateria seguinte, Israel Junior virou faltando 25 segundos para o termino, Israel venceu ninguém menos que Amando Tenório, que tinha a melhor nota do confronto, 8.67. No duelo de campeões brasileiros, a beleza estética do surfe de Arthur Silva, sucumbiu diante de um Kymerson muito ativo no lineup, no duelo de campeões brasileiros o bicampeão levou a melhor. Com esses resultados nas quartas, as semifinais foram desenhadas, de um lado o confronto da juventude com Heitor Mueller e Gabriel Klaussner, do outro, o confronto da experiência com Krystian Kymerson e Isarael Junior, com esse desenho uma coisa era certa, seria mais uma final com duelo de gerações.

Antes da final, Heitor Mueller passou por Gabriel Klaussner, confesso que essa foi a bateria que mais chamou minha atenção, os dois são da novíssima geração, certamente estarão no tour em pouco tempo, além disso eles passaram uma bateria juntos no Round 16, nessa bateria Gabriel liderou desde o início, Heitor vinha na quarta colocação, nos cinco minutos finais o catarinesnse Heitor surfou duas ondas que lhe projetaram para a segunda colocação, ele passou da condição de virtualmente eliminado, para membro do finals day, já na semifinal, Heitor entrou mais conectado e venceu o paulista Gabriel, a impressão que tive nesse confronto é que o Brasil verá ainda muitas disputas entre esses dois nomes nos próximos anos, na elite inclusive, guardem esses nomes, Gabriel Klaussner e Heitor Mueller, no confronto entre os dois, hoje foi dia de Heitor.


Krystian Kymerson - Foto: Daniel Smorigo | WSL

Krystian e Israel fizeram o confronto da experiência, os dois foram extremamente sólidos no outside, mas desta vez o Israel não conseguiu a virada nos minutos finais, o bicampeão brasileiro Krystian Kimerson avançou surfando forte.

A final masculina foi realmente a disputa entre os melhores surfistas do dia, Krystian e Heitor cresceram muito a medida que o evento foi afunilando, eles disputaram três baterias nesse domingo e a cada caída era visível o aumento da confiança e a sincronia com as series em Stella, que chegaram a seis pés.

Heitor Mueller - Foto: Daniel Smorigo | WSL

Heitor entrou elétrico, conectado, marcando scores razoáveis, construindo a casinha, Krystian só conseguiu sua primeira nota razoavelmente consistente em sua terceira onda, a essa altura, Heitor já somava 14 pontos, até que em uma troca de notas Heitor ampliou e logo na sequência krystian diminuiu bastante ao marcar a maior nota da bateria um 8.77, voltando completamente para o jogo, passando a precisar de um seis alto, há um minuto da final, Krystian surfou uma direita onde ele aplicou três manobras que seriam passiveis da nota que ele precisava para virar, a nota demorou bastante a sair, a essa altura os dois surfistas estavam na areia esperando o resultado, o bicampeão brasileiro marcou 6.57 mas não foi suficiente para virar a bateria, melhor para a juventude de Heitor Mueller, que aos 17 anos venceu seu primeiro QS, uma vitória que pode ser considerada tripla, já que além dela, Heitor ainda assumiu a liderança do Circuito Banco do Brasil e também a liderança QS sul americano, o WSL LATAM, o garoto vai chegar em Iquique com a confiança nas alturas, parabéns Heitor, Parabéns a Salvador pelo excelente dia de surfe.


Heitor e Krystian - Foto: Daniel Smorigo |WSL

Ao observar Heitor Mueller surfando esses dias, lembrei de dois nomes icônicos do surfe, o primeiro, pela semelhança física e pelas aproximações para o ataque, um jovem surfista que lá nos longínquos anos 80 era um de nossos maiores nomes, a lenda do surfe brasileiro Pedro “Águia” Muller, o segundo, tem muito a ver com linha, com estilo, a lenda máxima do surfe para muitos, Andy Irons. Não é sempre que um nome tão jovem te remete a dois grandes nomes do passado, Heitor tem ainda muita onda a surfar até se consolidar, mas a observar sua vitória em Salvador, foi perceptível a força mental dele, ele encara a final como a hora do show, só surfistas muito seguros tem esse olhar, ele impôs uma guerra de nervos ao pressionar na estratégia agressiva um bicampeão brasileiro no lineup, Heitor mostrou solidez e comprometimento ao abrir mão da prioridade mesmo estando à frente no placar, com o objetivo de ampliar a vantagem, o garoto de 17 anos competiu contra um veterano como se veterano fosse, no duelo da experiência contra a juventude, venceu o experiente jovem Heitor Mueller, a primeira vitória de muitas que certamente virão para esse surfista que é uma de nossas grandes promessas, Parabéns Heitor, você quebrou.

Com o nascimento de uma grande promessa, Salvador se despede da entourage da WSL em dia de altas ondas, o evento foi um dos melhores que já tivemos aqui, se não o melhor, o surfe brasileiro está reagindo, vem ai a última etapa do Circuito Banco do Brasil e a primeira de mais de 20 etapas das mais diferentes categorias, realizadas pela CBSurf, que terá sua temporada aberta em Alagoas dia 06 de junho.

Até lá, Aloha!






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