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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Ethan e Tati fazem história em J-Bay ele vence pela 1ªvez, Tati é a 1ª goofy a levantar o troféu.


O dia final em Jeffreys Bay não começou bem para os brasileiros, dos três homens na competição dois deles perderam suas baterias de primeira. Com o mar mais encrespado Samuel Pupo não se encontrou, na contramão do round anterior onde ele somou 16.0 pontos marcando em sua melhor onda uma nota 9.0, nas quartas Samuka não conseguiu somar nada melhor que 7.83, mesmo com Jack Robinson surfando o básico, ele avançou.

Ítalo Ferreira - Foto; Beatriz Ryder

Na bateria seguinte Ítalo Ferreira enfrentou o esforçado Kanoa Igarashi, apesar do brasileiro mesmo machucado ter feito a melhor nota da bateria, 9.0 pontos, a regularidade do Kanoa prevaleceu, com 8.33 e 7.10, o japonês avançou para as semifinais com a missão de enfrentar Jack Robinson, com a derrota de Ítalo, todas as nossas esperanças recaíram sobre Yago Dora que encararia o valorizado Connor O’Leary. Yago entrou na água mostrando que estava afim de ser o único goofy a continuar no evento, o único brasileiro ainda vivo na competição abriu sua bateria com a melhor nota do heat, 8.5, obrigando Connor a ter que responder na mesma altura, apesar de tentar, o melhor que o australiano conseguiu foi uma nota 6.83, Yago ampliou o placar em um fullrotation como manobra única na onda, sendo recompensado com 6.5, avançando para a semifinal, na ultima bateria das quartas Ethan domou a fera local Jordy Smith, definindo assim o último nome para as semifinais. Jack, Kanoa, Yago e Ethan, um quarteto impensável para esse round há bem pouco tempo atrás.


Jack Robinson - Foto: Alan Van Gysen

A primeira semifinal foi formada pelos caras com as mentes mais poderosas do circuito e amigos de longas datas, Kanoa Igarashi e Jack Robinson, apesar do contratempo pelo fato de partir sua prancha logo no inicio da bateria, Jack Robinson surfou com mais velocidade, precisão e pressão nas manobras, a espontaneidade e pragmatismo do surfe do australiano superou o surfe programado e esforçado do japonês, Jack avançou para sua terceira final nesta temporada.


Ethan e Yago entraram na segunda semifinal, esses dois são surfistas extremamente polidos, apesar de terem estilos e posicionamentos diferentes, eu diria que Yago e Ethan têm os mais belos estilos do tour. O regular e o goofy se digladiaram para definir aquele que faria sua primeira final na elite. Ethan abriu a bateria de forma arrasadora, ele cravou a borda e desgarrou a rabeta absurdamente, as vezes nós não percebemos o tamanho das manobras de Ethan em virtude de sua harmonia de movimentos entre braços e pernas, tudo muito sincronizado que resulta em uma polidez que distrai os olhos menos atentos, abusando da borda Ethan abriu com 9.0 pontos, na sequência ele pegou uma onda difícil, espumada, negociou bastante para poder finalizar com um tubo rápido, com essa onda Ethan solidificou sua casa.

Yago vive seu melhor momento, surfe maduro, seguro e imprevisível, ele é um surfista completo, o goofy alcançou a melhor nota do evento em um combo de grandes manobras com tubo, nesta bateria Yago construiu sua melhor nota com três batidas na sequência, caracterizadas por conexões irracionalmente limpas, com movimentos únicos, o que lhe rendeu 8.70, na onda seguinte o brasileiro repetiu as batidas, com menos pressão e troca de direção, finalizando com um aéreo, ele precisava de 8.88 e alcançou 8.70. Essa onda poderia dar a Yago a virada, contudo, depois do aéreo ele ainda tinha espaço para mais uma manobra mas acabou não fazendo por comemorar o aéreo, isso tem sido uma situação muito comum no circuito, não apenas de Yago, mas dos surfistas em geral, acredito que a diferença entre passar e não passar a bateria tenha sido a comemoração antes da onda terminar. Ao parar em Jeffreys Yago fazia sua segunda semifinal seguida, ao avançar, Ethan encontrava sua primeira final no Championship Tour, além disso, o australiano devolvia a Yago a derrota em Saquarema.

Tatiata Weston-Webb - Foto: Alan Van Gysen

Tatiana Weston-Webb chegou nas semifinais como única goofy da competição, tinha pela frente um bicho papão chamado Carissa Moore, elas fizeram uma bateria morna, cujo o ápice da emoção foi a interferência infantil de Carissa sobre Tati. Na final contra a australiana Tyler Wright, Tatiana dominou de fora a fora, não dando chances a adversaria, ela abriu a bateria com uma onda pequena porém com muita verticalização que lhe rendeu 7.0 pontos, na onda seguinte ela continuou verticalizando, em uma onda maior e com mais parede ela somou 8.0 pontos, depois fez tudo isso novamente, invertendo a direção, desgarrando a rabeta fechando em definitivo o cachão de Tyler com 9.0 pontos, descartando o 7.0, agarrando a vitória em Jeffreys Bay de maneira inédita, fazendo história, Tati se tornou a primeira surfista goofy a vencer em Jeffreys Bay, se tornou a única também a vencer duas etapas este ano, saindo da incomoda sexta posição do ranking para se colocar na terceira.


Ethan Ewing - Foto: Alan Van Gysen

A última final em J-bay havia sido entre dois goofys brasileiros, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, o último campeonato este ano tinha sido no Brasil com quatro brasileiros nas semifinais, para mudar todo esse histórico de tristeza para os não brasileiros, hoje, dois australianos regulares disputaram o título na onda mais longa do circuito, a onda em J-bay pede muita borda, Jack Robinson e Ethan Ewing fizeram uma final digna daqueles que foram dois dos três melhores surfistas do evento, podemos dizer que Yago esteve em um nível melhor que Jack, ele foi o único a executar borda, verticalidade, progressividade e tubos, mas Jack chegou à final.


Jack Robinson - Foto: Alan Van Gysen

Havia dito aqui em matéria anterior que em virtude dos arcos curtos de Jack, ele teria uma tarefa difícil em J-bay. Jack não conseguiu melhorar muito a qualidade de seus carvins, mas atacou com precisão os lips verticalizando sempre que possível e finalizando muito bem suas ondas, a velocidade que ele imprimia lhe dava segurança na aplicação das manobras, isso ficou claro em alguns confrontos, sobretudo contra kanoa Igarashi, com essa combinação de alta velocidade, ataques seguros e a ajuda técnica do Leandro Breda, pai do Yago, o aussie chegou à sua quarta final em um período de um ano, é sempre bom lembrar que Jack estava ameaçado de queda o ano passado, até vencer pela primeira vez no México, justamente na primeira etapa onde ele teve o auxílio do Grilo (Leandro Breda), Jack tinha como característica ter vencido todas as finais que disputou, isso até hoje, porque na África do Sul ele enfrentou o cara que tem o surfe perfeito para as ondas da baia do Capitão Jeffreys, Ethan Ewing.

Jack e Grilo - Foto: Beatriz Ryder

O surfe de Ethan é o encaixe perfeito para as longas linhas de J-Bay, o aussie tem os arcos mais longos, mais redondos e mais harmônicos do tour, características que tornam seu surfe o mais bonito do circuito, a linha que Ethan faz nas ondas unida a sua leitura chega a ser um abuso quando aplicada em ondas como Jeffreys Bay, neste evento ele foi o melhor sufista do início ao fim, pelo caminho o aussie desbancou os locais Matthew McGillivray e o bicampeão da etapa Jordy Smith, em nenhum desses confrontos ficou margem para subjetividade, além deles Ethan venceu aquele que para mim foi o melhor surfista do evento depois dele, Yago Dora, e na final desbancou o cara que atualmente tem a mente mais vencedora do tour, o encrespadissimo vice-líder Jack Robinson, um caminho difícil, mas necessário para valorizar uma vitória incontestável, apesar de muito jovem Ethan tem uma certa mistura em seu surfe, a perfeição de seus carvins se assemelham aos de Tom Curren e Joel Parkinson, os ataque de rabeta se aproximam aos de Andy Irons, com essa mistura do que há de melhor no esporte Ethan marcou 9.13 e 7.67, na borda, se tornando o sexto surfista a vencer este ano, colocando seu nome pela primeira vez no ponto mais alto do pódio, a mim só resta dizer: Parabéns Ethan, foi uma vitória maiúscula.

Outras informações importantes, Filipe continua líder com cinco mil pontos de vantagem sobre Jack Robinson, Ítalo ficou com o melhor somatório da competição 17,64, Yago com a melhor nota 9.50, Tati que já havia feito o melhor somatório entre as meninas nas quartas de final, se superou na final com 17.50 pontos, como dito, Ethan fez o melhor surfe do início ao fim.

A próxima etapa é Teahupoo, lá será decidido quem chega no WSL Finals com a lycra amarela, apesar da boa vantagem de Filipe, eu diria que na ausência de Gabriel e John John, Jack Robinson é o melhor tuberider do tour, ele pode vencer com uma certa facilidade por lá, Kelly também, se o tio GOAT vencer Filipe e nós agradecemos.

Veja aqui como ficou o ranking masculino com a vitória de Ethan Ewing e aqui o feminino com a vitória de Tati.

Até Teahupoo!





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