top of page
Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Haleiwa define a nova face da realeza do surfe para a temporada 2023.

Por: Marcos Aurélio Chagas.

A temporada 2022 do surfe mundial chegou ao fim em Haleiwa, com ela, conhecemos a nova face da realeza do esporte para o ano de 2023. A briga por um lugar entre os 36 melhores surfistas do mundo acabou, muita gente boa está chegando ou retornando para o seleto grupo conhecido como elite, dentre eles dois brasileiros, os dois são requalificados. João Chianca, um “Chumbo Grosso” que caiu de pé no condenável corte no meio da temporada, exalando admiração mundo à fora, está de volta. Michael Rodrigues, um cara que olhou para dentro de si e percebeu que só precisava ser ele mesmo para voltar, vem para sua segunda passagem pela elite após cair em 2019, contudo, antes de falar dos qualificados e requalificados, é preciso falar de Haleiwa.

Haleiwa - Foto: Tony Heff

Falar de Haleiwa nos remete a perseverança, angustias, decepções e felicidade, a joia principal da coroa do Challenger, castigou alguns e coroou outros. Alejo Muniz, Edgard Groggia, Joan Duro e Lucca Mesinas, chegaram em Haleiwa pouco abaixo da linha de corte, com chances reais de classificação, todos eles com um approach que se encaixa perfeitamente na poderosa direita, mas, todos pararam no Round64.


João Chianca - Foto: Tony Heff

João Chianca chegou no Havaí com a oitava posição do ranking, por tanto, dentro do corte, mas ao perder no Round32 ele viu uma porta aberta para que tudo pudesse acontecer, inclusive nada, Chumbinho viu os mais próximos dele caindo um por um, ele viu Ezekiel Lau perder na bateria seguinte, Morgan Cibilic no round seguinte e Dylan Moffat já havia perdido antes dele, das possíveis ameaças apenas Michael Rodrigues continuava na competição, contudo, como ele estava na oitava posição, apenas um surfista não seria suficiente para tirar sua vaga, chumbo perdeu cedo, mas alcançou o objetivo, permanecendo na oitava posição do ranking.


Michael Rodrigues - Foto: Brent Bielmann

Michael Rodrigues não figura entre os caras com o approach mais propício para aquela onda, mas sua dedicação e leitura competitiva levou ele longe em Haleiwa, MRod já declarou que não pensava em outra coisa a não ser voltar para a elite. Ele vem surfando muito, quem o viu surfar em qualquer competição esse ano, percebe o quanto ele está confiante, focado, com as pranchas no pé e o surf falando por si só, apesar de se machucar e ficar fora da etapa de Huntington, Michael finalizou o Challenger como o melhor brasileiro, com a sexta posição, ele é um caso raro de perseverança, surfar três anos mundo afora sem um patrocinador de bico, é tarefa para poucos, em Haleiwa, em condições desfavoráveis, Michael colocou a faca nos dentes e fez a final com John John, Kanoa Igarashi e Ryan Callinan, ficando com a terceira colocação, fechando o ano com chave de ouro, certamente vai retornar ainda mais confiante para elite, quando todos achavam que ele estava vencido, ele ressurge mostrando toda sua força, vai ser muito bom vê-lo de volta, mas, se tem alguém que deu show em Haleiwa, esse alguém chama-se John Alexander Florence, no surfe, simplesmente John John.


John John - Foto: Brent Bielmann

O havaiano tem um caso de amor com Haleiwa, no ano passado ele venceu marcando notas nove em quase todas as fases, deixando o dez para a bateria final, esse ano não teve o dez, mas John John esbanjou seu arsenal de nove pontos durante toda a competição, inclusive na final, depois de sua segunda pausa seguida no meio da temporada por causa de contusão, John John volta fulminante , mais uma vez em Haleiwa, com o surfe digno de um bicampeão mundial. Com performances em outro patamar, em nenhuma bateria, nenhum outro surfista teve chances de se aproximar do nível John John Florence, ele venceu em Haleiwa de forma incontestável, espero que ele não se machuque esse ano, com John John surfando do início ao fim do circuito, quem ganha somos nós, e o surfe.

Os outros dois finalistas fizeram boas apresentações durante toda a competição, Kanoa Igarashi com sua disciplina e transpiração, sempre programado para duas notas na casa de sete pontos ou acima, e Ryan Callinan desfilando seu talento natural, Kanoa foi vice e Ryan ficou com a quarta colocação, mas não é sobre esses caras que Haleiwa tem algo a falar, Callinan, apesar de ter caído, já tinha garantido seu retorno mesmo antes da etapa.


Ramzi Boukhiam - Foto: Brent Bielmann

Haleiwa coroou um nome que eu acreditava que chegaria antes na elite, estou falando do marroquino Ramzi Boukhiam. Ramzi é um surfista completo, um cara que tem um surfe forte e um approach interessante, ele verticaliza e usa borda com a mesma facilidade, intensidade e competência, Ramzi é um cara que se entende bem com os tubos, mesmo os de esquerda, como os temidos cilindros de Pipeline e Teahupoo, Ramzi não demostra se intimidar com adversários com envergadura maior que a sua no surfe, ele é um cara que chega ao tour com experiência e vivencia competitiva de anos de QS, por tudo isso, acredito que ele tenha vida longa na elite.

Outros caras que sempre estiveram ali, aos redores da classificação, enfim, esse ano conseguiram suas vagas, estou falando do francês Maxime Huscenot e do filho de brasileiros, nascido na Florida, criado no Havaí, Ian Gentil.


Maxime Huscenot - Foto: Brent Bielmann

Ian pode surpreender no início de temporada, ele pode ir longe em Pipe se o Back Door der sinal de vida, assim como pode ir muito longe em Sunset, mas no resto da temporada não acredito que ele consiga repetir o possível sucesso da temporada havaiana, assim como aconteceu esse ano com o Barron Mamiya. Maximê Huscenot é o francês da vez, acostumado com os beach breaks da França, acredito que Huscenot tenha uma temporada mais consistente do que o havaiano Gentil, ele tem borda, verticalidade, progressividade e entuba bem, é um cara que pode encontrar o caminho de sua permanência no tour equilibrando bons resultados em perfis de ondas diferentes. Além desses fatores é bom lembrar que a França tem tradição de bons surfistas no tour, sejam eles nativos ou colonizados, Jeremy Flores, Michel Bourez, Joan Duru, Marc Lacomare, Timothe Bisso, Jorgann Couzinet, Johanne Defay, Pauline Ado, Justine Dupont são alguns deles, lembrando que o “Mr. Perfection” Tom Curren, por muitos anos, morou na França, Huscenot é um pouquinho de cada um deles, vamos ver se ele vai conseguir usar tudo isso ao seu favor.

Rio Waida e Liam O´Brien precisam melhorar muito em ondas pesadas, para chegar no nível da maioria, já Ezekiel Lau precisa ser mais consistente em ondas pesadas, ter mais vontade de surfar ondas não havaianas e pecar menos competitivamente, só assim ele vai conseguir surfar uma temporada sem cair.

É preciso falar também de importantes ausências, o português Frederico Morais, surfista que já fez final na elite, um competidor encrespado, ficou apenas com a 36ª posição no Challenger, o americano Conner Coffin, que disputou o WSL Finals em 2021, caiu em 2022 e ficou apenas com a 39ª posição no Challenger, o australiano Morgan Cibilic é um caso idêntico ao Conner, apesar de ter ficado na porta de entrada com a 12ª posição. Enfim, o Challenger acabou, a lista dos melhores surfistas do mundo para 2023 ficou assim:

Em janeiro tudo começa novamente, Gabriel, John John, Filipe, Ethan, Griffin e todos os outros estarão de volta.

Até lá!






154 visualizações0 comentário

Commentaires


bottom of page