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A temporada 22 vai abrir cheia de estreantes, e Kelly comemorando 30 anos de seu 1º Titulo Mundial


Em poucos dias começa a temporada 2022 do surfe mundial, esse ano teremos a maior renovação de nomes da última década, não lembro a ultima vez em que tantos novos surfistas acessaram a elite, assim como não lembro também de uma única temporada onde três surfistas requalificados se aposentaram, isso aconteceu em 2021 com Adriano, Jeremy e Julian, os caras do QS agradecem, além dos aposentados outros experientes surfistas se retiraram por não conseguirem se reclassificar, depois de muitas temporadas demos adeus a dois casca grossas, Adrian Buchan campeão em Tehuppo e Michel Bourez Pipeline Masters. Ainda que esses caras não conseguissem acompanhar a garotada abarrotada de progressividade, quando as ondas de consequência entravam em jogo eles estavam sempre na ponta, com a saída de Fiji, o cancelamento de Teahupoo, a ausência de ondas como França e Portugal que frequentemente ofertam tubos, eles foram perdendo força e o xadrez da reclassificação ficou cada vez mais difícil de jogar.

Na outra ponta, Gabriel Medina, Filipe Toledo e Ítalo Ferreira terão a companhia de John John na briga pelo título, é difícil acreditar que haja no tour algum outro surfista capaz de tirar o título das mãos de um desses caras, talvez em um ano muito iluminado, Griffin Colapinto possa fazer frente a eles, mas não acredito que isso acontecerá em 2022, Griffin ainda não conseguiu alcançar a consistência necessária para se colocar no meio desses nomes, se falta consistência, surfe não, Griffin é TOP05 em progressividade, tubos, borda, base e lip, ele vai virar a chave quando a competição falar mais alto do que a euforia em estar no tour, mas ainda que por hora isso não tenha acontecido, Griffin certamente é um world title contender.

Gabriel Medina - Rottnest Island - Foto:WSL

Gabriel é tricampeão mundial e desde seu primeiro título em 2014 seu pior resultado é TOP03, ele é alguém de quem não se precisa falar muito, ele é apenas o grande favorito, se confirmar sua participação na temporada. John John volta embalado, fez apresentações no Havaí dignas das melhores que já foram vistas na ilha, contudo, parece que só as boas ondas, ondas poderosas motivam ele a mostrar seu melhor, em um mar menos potente ele parece perder o brilho, vamos aguardar e observar, uma coisa é certa, embora ele tenha aquele estilo low profile o havaiano é muito competitivo, talvez o tricampeonato de Gabriel seja um motivo a mais para ele encarar ondas menos potentes com mais gana. Ítalo talvez seja o surfista mais progressivo do tour, mas percebeu na temporada passada que precisa evoluir a borda, se ele pagar a missão, o campeão olímpico pode se tornar bicampeão mundial, ninguém tem mais vontade e energia do que ele. Filipe é o segundo maior vencedor do tour, com 10 vitorias na carreira, atrás apenas de Gabriel com 17, o Ubatubense precisa encontrar o equilíbrio entre vitórias e resultado, John John tem 08 vitórias e é bicampeão mundial, então o que falta para Filipe? A resposta é: Sair de sua zona de conforto, Brasil e J-bay representam 50% de suas vitórias, ele sempre vence em condições confortáveis, Filipe precisa ir além, precisa se desafiar nas ondas onde o drop é oco, esse é seu Calcanhar de Aquiles, apesar disso ele é o atual vice-campeão mundial e pode vencer qualquer um fora de Teahupoo e Pipeline, de olho em Filipe, de todos os candidatos ele é aquele que tem mais motivos para vencer.

Matthew McGillivray e Owen Wright, assim como Ace e Bourez, também não conseguiram se reclassificar, mas ao contrário deles, esses dois ganharam o convite da WSL, melhor para Owen que já está na casa dos 30 anos, com filho e não correu o Challenger, Owen será um dos wildcards junto com Kolohe Andino, já Matthew está confirmado em Pipeline e sua permanência dependerá sempre da ausência de alguém, ele é o alternate da temporada, em Pipe ele substituirá Yago Dora.

Kelly Slater - Jeffreys Bay - Foto:WSL

Kelly Slater assim como Gabriel e John John é alguém de quem não há muito o que falar, o Careca completa nessa temporada 30 anos de seu primeiro título mundial, 31 temporadas na elite, sendo que por 20 anos ele esteve no topo absoluto da cadeia, é difícil acreditar que Kelly ainda tenha chances de título mundial, ele não vence uma etapa desde o longínquo 2016, mas pode ser uma pedra no sapato de muita gente em ondas como Pipe e Teahupoo, nessas ondas ele costuma ir muito bem, porém precisa ter sorte para não cair contra Gabriel, desde Fiji em 2012, Kelly nunca mais conseguiu vencer o brasileiro nesse perfil de onda, o que na matemática das possibilidades diminui ainda mais suas chances de vitória, mas não se enganem, mesmo aos 50 anos o GOAT tem sempre uma metodologia pronta em sua mente para alcançar o seleto grupo dos cinco melhores, em 2022 G-Land é sua carta na manga. A mítica esquerda de Java fez parte do tour por três anos, dando início ao conceito de Dream Tour, essa onda é um parque de diversões com seções de tubos e manobras, uma onda de difícil leitura e que poucos surfistas do tour conhecem, para além disso, quase nenhum surfista do tour competiu ali antes, a exceção? Kelly Slater.

Kelly venceu na primeira edição de G-Land em 1995, quando Gabriel tinha 2 anos de idade, Ítalo 1 e Filipe 3 meses, apesar disso parecer bizarro, em G-Land o Careca pode vencer qualquer um deles facilmente, G-Land exige quilometragem, know-how, e só Kelly tem esse conhecimento naquela bancada, por isso, estrategicamente G-Land deve ser a maior aposta do melhor de todos os tempos para abocanhar uma vaga no WSL Finals, sua meta primaria.


Nat Young - Foto: Dave Nelson

Ezekiel Lau, Connor O´Leary e Nat Young estão de volta ao olimpo do surfe, Lau tem excelentes performances no Havaí, já no resto do mundo ele não consegue nem de longe impor seu surfe, apesar de toda agressividade competitiva, em suas três temporadas anteriores na elite ele não conseguiu nada melhor que a 20ª colocação no ranking, para sua sorte, haverá duas etapas no Havaí antes do corte do meio do ano, isso lhe ajudará muito, se o alto nível do surfe de Lau é algo a ser provado, não podemos falar a mesma coisa de sua marra. Connor O´Leary é outro velho conhecido da elite, está voltando pela segunda vez, como a maioria dos goofys do tour Connor tem seu ponto forte no backside, apesar disso, o australiano raramente consegue alcançar high scores, ele verticaliza bastante mas na maioria das vezes não inverte a direção, em ondas pequenas isso é menos visível para o público, ocorre que ele não consegue burlar as analises críticas dos juízes, por isso está sempre caindo, em 2022 Connor volta para a elite mais motivado que nos anos anteriores, depois de algumas temporadas de bico branco, agora ele faz parte do time da Hurley, marca que dispensou nomes como John John Florence, Julian Wilson, Michel Bourez e Adrian Buchan, todos eles surfistas que fazem parte do pequeno grupo daqueles que já venceram mais de uma etapa na elite, vai entender. Considero Nat Young o melhor surfista dentre os que estão voltando, apesar de ter caído em 2016 e ter sumido do mapa do QS esses anos todos, quando o formato de retorno levou os surfistas para ondas um pouco mais consistentes Nat mostrou toda a potência de seu surfe e voltou até facilmente, local de Santa Cruz, assim como o aussie Connor O´Leary, o Yankee tem no backside o ponto forte de seu surfe, mas diferente do Connor, Nat consegue colocar a prancha nos pontos mais críticos das ondas, suas manobras geralmente retalham os lips, ele é mais veloz, inverte mais, entuba bem e compete melhor, em suas quatro temporadas na elite Nat foi extremamente competitivo, foi por dois anos TOP10, 2013 8ª colocação e 2015 10º, Nat fez três finais na elite em perfis de onda completamente diferentes, em seu segundo evento entre os melhores do mundo ele fez final perdendo para Adriano de Souza em Bells Beach, alguns eventos depois ele chegou a mais uma final perdendo para Kai Otton, em Portugal, no ano seguinte, em 2014, ele perdeu para Gabriel Medina em Fiji, terminando o ano na 13ª posição, além disso, Nat ainda fez outras ótimas etapas, fazendo algumas semifinais e muitas quartas. Por todos esses motivos, pelo surfe mais convincente e pela garra competitiva de Nat, dos caras que estão voltando, Nat é o que mais me gera expectativas, good luck man.

A briga pelo título de Rookie Of The Year será a mais disputada esse ano, com nove novatos na disputa, a consistência do americano Jake Marshall, a eficiência do havaiano Imaikalani DeVault, o power surf do australiano Callum Robson e a versatilidade dos brasileiros Samuel Pupo e João Chianca, deve manter entre eles a briga pelo título de melhor estreante, contudo treino é treino e jogo é jogo, outros quatro caras também estão na briga, o desafio maior para os novatos será passar pelo corte do meio da temporada, aqueles que sobreviverem à essa primeira barreira, ganhará confiança não apenas para o título de melhor estreante, mas também uma moral a mais para conduzir a carreira, esse corte é uma manobra dura para os novatos, eles já entram com a obrigação de conseguirem resultados de imediato, só os fortes sobreviverão.


Jordy Smith - Foto: Ian Thurtell

Jordy Smith e Kolohe Andino voltam de contusão, agora os dois fazem parte da mesma equipe, a O´Neill. Jordy está em uma contagem regressiva na busca pelo título, ele assistiu Gabriel, John John, Ítalo e Filipe chegarem no tour e tomar para eles um protagonismo que naturalmente seria dele, Jordy. Teria o sul-africano aos 33 anos condições de brigar com esses caras pelo título? Acredito que não, mas nem por isso Jordy é alguém que se deve ignorar, com ondas como Sunset e G-Land de volta ele pode encontrar o caminho para um xeque-mate no xadrez competitivo e se colocar entre os TOP05, daí em diante, a depender da onda tudo pode acontecer e quem sabe o eterno futuro campeão mundial, em um ano em que tudo convergiu a seu favor, pode encontrar um título para chamar de seu, é provável? Não! É possível? Sim.

Dez anos depois de entrar na elite sem ter vencido nenhuma etapa de CT na vida, Kolohe Andino se enquadra na mesma regra de Jordy, mesmo improvável, com um pouquinho de consistência o surfe de Andino pode se colocar entre os cinco melhores.


Morgan Cibilic - Foto: Trevor Moran

Conner Coffin e Morgan Cibilic são nomes que merecem observação, Conner sempre foi consistente, mas terminar entre os cinco melhores foi realmente um grande feito, Morgan surfou com leveza de um veterano em seu ano de estreia, será que ele teria folego para repetir um ano tão bom? Vale lembrar que para Conner e Morgan o caminho para o WSL Finals foi encurtado pelas contusões de John John, Kolohe e Jordy, vamos ver se com esses nomes no jogo eles repetem a façanha que conseguiram o ano passado.

Dia 29 abre a janela para o Pipeline Masters, com as saídas de Jeremy e Julian, Gabriel e John John são os grandes favoritos isoladamente, Kelly está ali coladinho neles esperando um vacilo dos dois para dar um bote, seria muito bom ver Kelly vencer mais uma vez, um mês antes de completar 50 anos.

Ítalo já venceu em Pipe, Owen é sempre um cara competitivo em tubos, mas se o vencedor não for Gabriel, John John ou Kelly, conheceremos a primeira zebra logo na primeira etapa.

Façam suas apostas, para nossa felicidade o tour está voltando.


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