A Perna Australiana está chegando ao fim com o Brasil nas primeiras posições dos rankings masculino e feminino, Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Filipe Toledo lideram nessa ordem o ranking masculino e Tatiana Weston-Webb é vice líder com folga entre as meninas.
A última etapa na Austrália traz para o mundo do surfe um cenário completamente novo, não temos a menor noção de como será Rottnest Island em termos de condições, contudo, independente das condições, é pouco provável que o cenário em relação aos finalistas mude, os brasileiros venceram as três primeiras etapas, e, com a ausência de John John é difícil projetarmos um gringo no ponto mais alto do pódio, até agora nesta temporada, apenas o Morgan Cibilic se mostrou competitivo para isso, embora Conner Coffin e Jordy Smith tenham feito finais, não podemos dizer que eles empolgaram em momento algum.
Contudo, Rottnest traz um elemento surpresa, uma cara que pode vencer o campeonato ou sair de comb contra os líderes do ranking, o que pode separar a vitória da comb é o estado de espirito dele, estamos falando de Taj Burrow.
Para esse colunista, Taj é o melhor surfista do mundo sem um título mundial para chamar de seu, aos 42 anos o surfista do Western Austrália ainda tem um alto nível de surfe, basta ver suas postagens no Instagram e você perceberá que Taj ainda tem muita lenha para queimar, mesmo sendo um quarentão, ele ainda surfa melhor que muitos garotos, se estivesse no tour, poderia estar brigando por uma vaga entre os cinco, porém o desempenho de Taj sempre foi muito dependente de sua vibe, se ele estiver feliz, tudo pode acontecer, mas para tudo acontecer Taj tem que primeiro passar por Ítalo Ferreira e Adriano de Souza, seus adversários no Seeding Round. Ítalo além de vice-líder do circuito é o maior “go for it” do tour, tem os aéreos na manga e hoje é um dos caras mais difíceis de ser batido, já Adriano, é um dos caras que mais rivalizou com Taj em sua carreira, já disputaram baterias polemicas, com resultado em finais duvidosos, por um tempo um ficou com o outro atravessado na garganta, e, como Mineiro é um cara ultra competitivo, pode ser que essa rivalidade volte à tona e Adriano dificulte ainda mais as coisas para Taj. Quais os pontos positivos para Taj? Seu surfe ainda de alto nível e o conhecimento local que pode fazer toda a diferença entre uma longínqua vitória e uma comb desenfreada, Taj Burrow é o coringa mais explosivo de toda a Perna Australiana, vai ser bom vê-lo novamente em atividade, sobretudo, pelo fato de sua última bateria no tour, lá no longínquo 2016 em Fiji, ele ter amargado uma derrota altamente questionável, ao marcar 18.60 e ainda perder para John John que marcou 18.76, o mundo questionou aquela bateria, mas Taj não estava nem aí, embora tivesse a certeza que fez bonito e estivesse amarradão em sua performance, ele só queria voltar pra casa depois de quase 20 anos no tour, particularmente falando, eu gostaria de ver Taj nas cabeças nesse campeonato.
Saindo um pouquinho de Rottnest, o bicampeão John John Florence, que costuma ser bastente discreto em suas redes, com intervalos grandes em suas postagens, nas últimas 36 horas fez duas publicações bem enigmáticas. Na primeira ele fala sobre as emoções que passaram por sua cabeça ao saber que havia machucado o joelho e perceber que aquilo é só parte da vida, onde quedas, desafios e superações são possíveis. Na segunda publicação o champ postou uma foto em uma cama de hospital onde ele dizia: “Acordei com o relato do cirurgião de que tudo ocorreu o melhor possível, e o procedimento que que fiz me dá a oportunidade de surfar com toda a força mais cedo do que eu esperava. Me sinto motivado por saber que as olimpíadas são realmente alcançáveis. Estou entusiasmado com isso e vou fazer tudo que puder para que isso aconteça”.
John John não diz exatamente se foi operado ou não, más quando ele diz que “as olimpíadas são alcançáveis”, ele nos faz acreditar que precisa trabalhar bastante em sua recuperação total, e, tendo as olimpíadas como foco, será que ele estaria pronto ou até mesmo disposto a se arriscar nas etapas do Surf Ranch e México, que acontecem antes das olimpíadas? São questões que não podemos responder, más que abrem outras janelas que convergem para uma única reflexão. Não surfando Surf Ranch e México, conseguiria John John se manter entre os cinco? Essa é uma pergunta que traz ainda mais expectativas sobre a corrida pelo título esse ano, e que torna a reta final, o pós olimpíadas em algo ainda mais emocionante.
Esquecendo todo esse cenário competitivo, cabe a pergunta: Porque John John se machuca tanto? Não e fácil apontar um motivo especifico, más, alguns anos atrás, em imagens capitadas por Peter King, que acabou virando um programa exibido aqui no Brasil pelo canal OFF, John John respondeu uma pergunta do filmaker onde ao final ele dizia: “Eu não entendo como um surfista pode deixar de pegar altas ondas para dedicar seu tempo em academias e outras atividades”. Talvez essa fala possa representar um dos motivos pelos quais John John está sempre fora das competições em virtude de contusões, diferentemente de Ítalo que esteve fora em pouquíssimas etapas por contusão lá pelos idos de 2017, e de Gabriel que nunca esteve fora por contusão, John John não faz a preparação física e nutricional que esses dois caras e alguns outros desenvolvem, que levam ao surfe o conceito de ser Atleta, John John parece que quer apenas ser surfista em um esporte que a cada dia mais exige condicionamento e estrutura física dos competidores, o preço que ele tem pago por se manter apenas surfista no meio de atletas, tem sido caro. Independente de tudo isso, uma coisa é fato, o circuito sem John John perde muito de seu brilho, desejamos ao havaiano uma recuperação rápida e que ele possa estar o quanto antes de volta ao tour.
Com a ausência de John John, a volta de Taj e a liderança de Gabriel, a novata Rottnest Island traz expectativas ainda mais favoráveis aos brasileiros. Rottnest começa no sábado a noite para nós aqui no Brasil. Segue abaixo as baterias do Seeding Round.
H 01 | Griffin Colapinto vs Owen Wright vs Mikey Wright
H 02 | Kanoa Igarashi vs Jack Robinson vs Jacob Willcox
H 03 | Jordy Smith vs Wade Carmichael vs Stuart Kennedy
H 04 | Filipe Toledo vs Ethan Ewing vs Liam O´brien
H 05 | Ítalo Ferreira vs Adriano de Souza vs Taj Burrow
H 06 | Gabriel Medina vs Jack Freestone vs Kael Walsh
H 07 | Ryan Callinan vs Matthew McGilivray vs Connor O´Leary
H 08 | Conner Coffin vs Peterson Crisanto vs Alex Ribeiro
H 09 | Frederico Morais vs Jadson André vs Leonardo Fioravanti
H 10 | Jeremy Flores vs Seth Moniz vs Miguel Pupo
H 11 | Caio Ibelli vs Yago Dora vs Michel Bourez
H 12 | Morgan Cibilic vs Julian Wilson vs Deivid Silva
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