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Duas novas estrelas nascem em Portugal, João Chianca e Caitlin Simmers dominam Peniche.

Por: Marcos Aurélio Chagas.

O dia amanheceu em Peniche com duas certezas, a necessidade de encerrar a competição e a invasão de novos nomes no surfe feminino. Tatiana Weston-Webb, Sally Fitzgibbons e Courtney Conlogue, eram as únicas representantes da “velha guarda” feminina, em meio a uma enxurrada de novos talentos, é bom nos acostumarmos com os novos nomes, porque Caitlin, Sophie, Gabriela, Molly, Macy e outras, são nomes que chegaram para ficar, isso ficou perceptível com o avançar das baterias, a disputa feminina em Peniche virou um duelo de gerações, na chave de cima Tati e Courtney, na de baixo, Macy e Caitlin.

Caitlin Simmers, Campeã em Peniche - Foto: Damien Poullenot

Entre os homens, Jack Robson vem a cada dia fortalecendo mais sua mente, ele é aquele cara que a mente comanda o surfe, e não ao contrário. É fato, Jack é o cara a ser batido, e se tem tubos, seus adversários terão que suar muito para vencê-lo, no decorrer do dia eles até tentaram, mas Jack entubava uma onda atrás da outra, como se não houvesse amanhã, ele estava decidido a fazer sua sexta final em menos de dois anos.


Griffin Colapinto - Foto: Thiago Diz

Enquanto Jack buscava sua sexta final, um cara que tem 27 finais na carreira, perdia seu terceiro confronto seguido para Griffin Colapinto, o defensor do título em Portugal. Griffin derrotou ninguém menos que Gabriel Medina, a primeira vez foi no ano passado em El Salvador, Griffin repetiu a façanha em Sunset e agora em Portugal, se vencer o próximo confronto, o americano já pode entrar no seleto grupo dos carrascos de Medina, onde estão apenas Julian e Ítalo. Falando de Ítalo, ele pegou 11 ondas no confronto contra Yago, haja energia, eu havia dito em matéria anterior que esse era o confronto entre os opostos, entre o fogo e a água, elementos fortes o suficiente para vencer qualquer obstáculo, mas que, em um embate direto, a depender da intensidade do fogo, talvez meia hora não fosse tempo suficiente para a água vencer, agua é fluxo continuo, fogo é explosão. Com mais tempo no outside, Yago conseguiu desenvolver sua estratégia para liberar o fluxo e derrotar Ítalo em uma bateria dificílima, mesmo com Brabo registrando a melhor nota do duelo, contudo, na bateria seguinte, Yago teve ninguém menos que o líder do circuito pela frente, o confiante Jack “Barrel” Robinson, Robbo estava realmente conectado, apesar de achar alguns tubos para a esquerda, Yago não consegui ficar muito deep em nenhum deles, não deu para o brasileiro.


João Chianca - Foto: Damien Poullenot

Em Portugal, João Chianca parece estar mesmo em seu habitat natural, ele começou o dia vencendo o complicadíssimo Ethan Ewing, na sequencia seguiu a ordem natural ao vencer Connor O´Leary, e, ao chegar em sua terceira semifinal, na terceira etapa do ano, Chumbinho tirou um “Callum” do pé, ou melhor, de seu caminho. Ano passado a WSL tinha um sistema de seeding que beirava um algoritmo, fato que provocava repetitivos confrontos, Chumbinho e John John foi um deles, surfando sempre no mais alto nível, Chianca encarou duas derrotas contra o havaiano, com pontuações que lhe permitiam passar qualquer uma das outras baterias daqueles rounds, o resultado dessas perdas precoces? O corte! Esse ano, com a mudança nos encaixes das baterias, João Chianca voltou poderoso, seus resultados são uma verdadeira cuspida na cara das decisões infelizes, com duas semifinais nos dois eventos anteriores, restava a Chumbinho sua primeira final.


Caitlin Simmers - Foto: Thiago Diz

Antes disso, vamos falar das meninas, Courtney e Caitlin que haviam vencido Tati e Macy, fizeram uma final americana em Portugal, Courtney abriu o confronto com nove pontos de experiência a seu favor, se manteve na frente por boa parte da bateria, parecia ter a situação resolvida, mas Caitlin, no auge do talento de seus 17 anos, não queria perder a oportunidade de fazer história ao se tornar a mais jovem campeã em Portugal, com esse pensamento em mente, a garota descontruiu o labirinto montado pela experiência de Courtney, e, em apenas seu terceiro evento ente as melhores do mundo, ela conseguiu sua primeira vitória. Nasceu hoje para o mundo, alguém que chegou para fazer história por longos e longos anos.


João Chianca - Foto: Damien Poullenot

Quando os homens entraram na água, duas histórias diferentes se encontravam na grande final, Jack Robinson entrava pela sexta vez em uma arena onde ele já havia saído vencedor por quatro vezes, com a mente programada para vencer e a lycra amarela no corpo, Jack personifica a imagem da confiança, um combo automotivacional que poderia intimidar qualquer novato em uma decisão. Chianca, ainda não tinha encontrado o caminho para o pódio, em sua entrevista depois de passar pele semi, ele se mostrou um cara completamente emocionado, e, excesso de emoção muitas vezes derrubam ambições, contudo, a carga emocional parece que se dissipou quando Chumbinho entrou nas gélidas águas portuguesas.


Jack Robinson - Foto: Damien Poulenot

O confronto final começou com Robbo entubando, como aliás, ele fez durante todo o evento, mas, depois de achar ou ser achado pelos melhores tubos durante toda a competição, na final, parecia que ele não tinha mais credito para receber tantos diamantes, só entrava para ele ondas medianas, já Chumbinho, remava para as melhores linhas, surfando completamente descontraído, o garoto de Saquarema, em menos de cinco minutos de bateria já tinha alcançado uma nota 7.83, score que lhe permitiu ter a tranquilidade necessária para arriscar ao máximo, surfando uma onda melhor que a outra, sempre buscando os tubos para direita, Chumbinho remava no lineup de Supertubos como se estivesse na Barrinha, demostrando além de tranquilidade, uma aparente certeza de que naquele dia nada ousaria dar errado, com segurança João descartou o 7.73, mantendo em seu placar 8.50 e 9.07, para construir um somatório de 17.57 pontos, superando aquilo que era a maior soma da competição, 17.10, alcançados por ele mesmo na semifinal.

A primeira vitória de João Chianca entre os melhores surfistas do mundo não poderia ser em um local mais significativo, João se consagra há poucos quilômetros de Nazaré, onda que consagrou seu irmão mais velho, Lucas. Pelo visto, os Chiancas têm muitos “Chumbos” guardados na manga, podemos dizer que 523 anos depois, chegou a vez do Brasil colonizar nossos patrícios, com todo respeito e carinho que existe em nossas relações, não poderia perder a oportunidade de dizer, o Brasil mandou Chumbo em Portugal.

Com a vitória na charmosa Peniche, Chumbinho se distancia um pouco de Filipe, o terceiro colocado do ranking, e cola em Jack Robinson, atual líder. Dos dez primeiros colocados, cinco são brasileiros, surpreendentemente Gabriel Medina é o quinto entre eles, e Ítalo, fora dos TOP10, é apenas o sexto melhor brasileiro no ranking, veja aqui o ranking atualizado depois da etapa de Portugal, kelly e Kanoa estão em situações complicadíssimas.

Molly Picklum, líder isolada - Foto: Damiem Poullenot

Entre as meninas, Molly Pikclum deixou Carrissa Moore para trás e está vestindo sozinha a lycra amarela, uma enxurrada de novos nomes povoam as dez primeiras colocações, veja o ranking feminino aqui.


Em pouco menos de um mês começa a perna australiana, Jack Robinson, Filipe Toledo e John John, são os caras mais perigosos naquelas ondas nos últimos anos, Ítalo já venceu em Bells, Gabriel já fez semi, Caio já fez final, mas entre os brasileiros, só Filipe venceu em Bells e Margaret River, além dele, John John também tem esses troféus, por isso, pelo retrospecto, eles são as grandes apostas na Austrália, mas combinar isso com Chumbinho e Robbo, está fora de cogitação.

Dia 04 de abril começa a perna australiana.

Até lá!







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