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Griffin Colapinto e Tatiana Weston-Webb vencem em Portugal surfando o bom e velho base lip.

Atualizado: 8 de mar. de 2022


Depois de dois anos fora do tour a etapa de Portugal voltou ao olimpo do esporte, dentro de um novo desenho do circuito, agora a etapa acontece em março, não mais em outubro como costumava ser. O Brasil costuma se dar bem nessa etapa, temos cinco vitorias nos últimos sete anos, Ítalo Ferreira era o defensor do título, na verdade dos títulos, o brasileiro venceu ali em 2018 e 2019.


Ítalo Ferreira - Foto: Thiago Diz

Peniche é uma onda de perfil bem diferente de Sunset, que foi a etapa anterior, a onda é curta, rápida, tem rampas para voos e tubos, tudo isso acontecendo em um espaço muito curto, a onda é o encaixe perfeito para um surfista rápido, cheio de energia e pilhado como Ítalo Ferreira, quando ele acha as rampas seus aéreos tornam-se armas letais e destrutivas. Foi assim nos anos que ele venceu, todas as suas vitórias ali se sustentavam nessa manobra, vinha sendo assim também esse ano, até ele encontrar Filipe Toledo na semifinal e fazer talvez aquilo que pode ser apontado como a bateria onde ele mais errou em sua carreira, Ítalo errou inúmeros aéreos e até manobras simples como rasgadas, Filipe errou menos e também voou, contudo preenchia mais os espaços das ondas, na maioria das vezes o aéreo era mais um fundamento, não o único objetivo, melhor para o ubatubense, que avançou para a final para esperar seu adversário que seria definido entre John John e Griffin Colapinto.


John John - Foto: Damien Poullenot

John John para variar surfou sempre no conceito excelente, com performances acima da média ele saia dos tubos sempre com aquela aura de paz, o havaiano fala pouco e surfa muito, as vezes aparece aquele pontinho a mais em suas notas, mas isso não é culpa dele, como bicampeão mundial e especialista em tubos, vimos em Portugal ele passar baterias usando as mais diversas aproximações, mas na semifinal, assim como Ítalo ele errou muito e viu Griffin Colapinto avançar para sua primeira final. Aos poucos John John e seu estilo low profile, “apesar da barba inspirada em Jack O´Neill” está se aproximando dos cinco primeiros.

Kelly já não é alguém tão competitivo quando o assunto é manobra, contra os jovens Samuel Pupo e Imaikalani ele não teve a menor chance, no elimination round, já com os tubos se impondo, o Careca não deu a menor chance aos adversários, avançando com a expectativa de encontrar bons tubos nas próximas fases, o que aconteceu na bateria seguinte contra Caio Ibelli, contudo, não dá para um surfista depender apenas de tubos para vencer, e, na ausência deles, Kelly virou preza fácil para seu conterrâneo e virtual campeão Griffin Colapinto, ele esperou a bateria quase toda pelo tubo que não veio. Em entrevista depois da bateria Strider lhe perguntou: Kelly O que aconteceu lá fora? Ele respondeu: Nada! Ainda assim Kelly sai de Portugal vice-líder do ranking e com a expectativa de vencer em Bells e Margaret River, segundo suas próprias palavras nesta mesma entrevista. Apesar de ter vencido Bells quatro vezes na carreira, é difícil acreditar em uma quinta vitória, Bells exige muita borda, tubos geralmente não entram na equação, em Margaret ele nunca venceu, contudo, caso The Box quebre no período de toda a janela, ele tem chances reais de vitória, mas seria inédito ver aquele slab quebrar por mais de dois dias, fazendo um raio-x da situação, as palavras de Kelly são mais auto motivacionais do que probabilidades reais, mas suas palavras tem sempre muito peso e geram sempre muitas expectativas, vamos aguardar.

João Chumbinho mais uma vez deu show, ele é atirado, tem atitude, surfa leve, contudo vem perdendo muito cedo nas competições, de três derrotas na elite, duas foram bem questionáveis, Portugal foi uma delas, agora é corrigir o prumo e ir para a Austrália com o foco em bons resultados para escapar do corte.

O ex-líder Barron Mamiya perdeu para Jordy Smith em uma bateria morna, como ele não é o Mikey Wright, tem que torcer para ser convidado para a Austrália.

Tudo em Portugal foi correndo dentro do previsto, inclusive a passagem da lycra amarela para o Kanoa, nós falamos isso no terceiro dia de competições em nosso Instagram. Embora o surf do Kanoa seja muito programadinho, muito formalzinho, com manobras bem executadas mas sem variação, por vezes até entedeantezinho, não podemos negar, o japonês tem foco. Na quarta etapa do ano, a lycra amarela será vestida pelo terceiro surfista diferente, depois de Kelly Slater e Barron Mamiya, em Bells Beach Kanoa Igarashi vestirá a lycra do líder, o Japão pela primeira vez na história será líder do circuito mundial de surf.

Tatiana Weston-Webb - Foto: Damien Poullenot

Tatiana Weston-Webb foi indiscutivelmente a melhor surfista do evento, ela encontrou a sintonia fina com as ondas de Portugal, entre ela e a taça de campeã tinham duas das mais difíceis surfistas do tour, Carissa Moore e Lakey Peterson, a brasileira ignorou a envergadura das duas e venceu com propriedade em Peniche, sua terceira vitoria na elite, em um perfil de onda completamente diferente de Margaret River, sua última vitória.

No último dia de competições quatro surfistas estavam nas semifinais, três deles, Ítalo, Filipe e John John conheciam os atalhos para a vitória, eles já venceram ali, Griffin, que jamais tinha feito uma final na elite, é um dos mais ousados surfistas do tour, um dos mais completos também, ele tem em seu arsenal éreos, tubos e manobras fortes para a direita e para a esquerda, sempre no crítico, o garoto tem ainda a seu favor uma personalidade irreverente e ousada, ele deixou isso claro logo em seu primeiro evento na elite, Griffin marcou um 10 em uma onda onde ele conseguiu achar três tubos longos, enquanto comemorava a saída do segundo tubo ele percebeu que tinha mais um e foi, isso aconteceu nas quartas de final lá na Gold Coast, em 2018. Com essa onda Griffin avançou para as semifinais deixando o experiente tuberider Michel Bourez incrédulo no lineup, aquele foi seu melhor cartão de visita. Em Portugal Griffin tirou o primeiro 10 da temporada, diferente da Gold Coast que foi um tubo para a direita, dessa vez o americano alcançou a nota máxima voando para a esquerda, alcançando a pontuação máxima em duas manobras completamente diferentes e para lados opostos, isso fala muito sobre um surfista.

Griffin Colapinto - Foto: Damien Poullenot

O Americano que vinha de derrotas precoces no Havaí pegou uma chave dificílima em Portugal, em seu caminho só grandes nomes, ele atropelou seus conterrâneos Kelly Slater e Kolohe Andino sem nenhum remorso, depois foi para a semifinal contra John John, nessa bateria uma das ondas que entraram em seu somatório foi uma fechadeira que ele aplicou um aéreo reverse, na outra ele aplicou uma sequencia de pancadas de back, trazendo de volta o bom e vistoso base lip.


Filipe Toledo - Foto: Damien Poullenot

Na final Grifin encontrou outro gigante, o vencedor da etapa em 2015, Filipe Toledo, a final foi a bateria mais disputada do americano, a liderança trocava de mãos a cada onda, Filipe e Griffin fizeram o melhor base lip que vimos em todo o evento, foi uma disputa de surf bonita, as duas notas de cada um vieram de esquerdas manobráveis, back side para os dois, eles verticalizaram, inverteram a direção, soltaram as quilhas e deram show, Filipe foi tão grande quanto Griffin, mas o americano soube escolher as maiores e melhores ondas, por esse detalhe, ele venceu sua primeira etapa na elite de maneira incontestável, sem espaço para nenhuma subjetividade.

Parabéns a Griffin Colapinto, que agora entra para o seleto grupo de vencedores de etapas no tour, com a vitória ele subiu vinte posições no ranking e encostou nos top cinco, Filipe, subiu para a quarta posição, veja aqui o ranking completo.

Agora o tour pausa por um mês e volta na mais antiga etapa do circuito, em Bells Beach, penúltima etapa para aqueles que desejam surfar no segundo semestre, nomes como João Chianca, Deivid Silva, Jadson André, Owen Wright e Morgan Cibilic dentre outros, se quiserem escapar do corte terão que fazer ótimos resultados nas duas etapas australianas, vamos torcer.

Até lá.



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