Por: Marcos Aurélio Chagas
Com menos de seis meses eleitos, a nova diretoria da CBSurf teve que construir uma entidade do zero, neste interim eles já apresentaram um calendário inédito em termos de etapas, categorias e premiações, já mandaram uma equipe para o ISA GAMES em El Salvador, vão dar início ao circuito brasileiro profissional, próxima segunda dia 06 de junho em Maceió, e estão com planos que vão além do mar.
A Vision procurou Teco Padaratz, Paulo Moura, Brigitte Mayer e Geraldo Cavalcanti, Presidente, Vice, Vice Feminino e Diretoria Institucional respectivamente, afim de ouvi-los sobre os planos para o surfe nesta nova era, vale à pena ler toda a matéria, mudanças significativas estão por vir para o surfe brasileiro.

1. Poderia descrever o hoje e o amanhã dos circuitos brasileiros de Surf Profissional e de Ondas Grandes?
Enxergo essas duas categorias vivendo o primeiro dia e ano de suas vidas pois apesar do surf profissional brasileiro existir há muitos anos, estava totalmente abandonado tendo os atletas numa situação de total falta de dignidade nas suas carreiras, então o horizonte hoje é muito promissor, com muitos eventos no calendário, premiações jamais vistas no Brasil, num ano que está começando tarde para a nova gestão da CBSurf, mas já vai dar um tom do trabalho para os próximos anos!
Assim também com o big surf brasileiro, que sempre teve os maiores nomes de ondas grandes do surfe mundial, nada mais justo do que organizar um circuito nacional solido e assim fomentar ainda mais novos talentos das ondas grandes e solidificar as carreiras dos que estão em ativa no momento!
2. Com relação ao circuito BIG WAVES, nós temos aqui no Brasil um bom nível de julgamento para esse tipo de onda?
Tenho certeza que os nossos juízes têm total condição e qualidade de julgamento para qualquer condição de onda, principalmente sendo liderado por uma cara tão experiente como o Mauro Rabellé que está fazendo e fará um trabalho diferenciado como nosso diretor técnico!
3. Quem são os responsáveis pela parte técnica hoje na CBSurf?
Mauro Rabellé - Diretor Técnico;
Alex Willians - Tour Manager Surfe Profissional e Big Surfe;
Pedro Falcão - Tour Manager da Categoria de Base, Long, Stand UP e Master;
Lembrando ainda o apoio importante do Marcelo Andrade, Jordao Baillo e tantos outros nomes com muita experiência no nosso esporte.
4. A CBSurf vai dar o pontapé inicial dessa Nova Era na próxima semana em Maceió, você tem mantido diálogo com os inscritos?
Tenho falado constantemente com os atletas representantes, mas também com os tantos atletas que encontro no surfe diário, a expectativa é a melhor, todos estão muito felizes com esse novo momento do surfe nacional e ansiosos para o começo do show!
5. Quais são as principais demandas dos surfistas?
Assim como todo profissional, os atletas querem trabalhar e é isso que iremos fazer por eles, colocar eventos na praia, é ai que entra a diferença de uma gestão feita de atletas para atletas, estamos buscando colocar premiações altas, profissionalização na gestão e organização dos eventos, e o principal objetivo é transformar os atletas na grande estrela desse show!
6. Qual é o caminho, canal ou procedimento que o atleta deve fazer para conseguir falar com o vice presidente Paulo Moura?
Eu tenho canal direto com todos os atletas que querem falar comigo, mas faz parte da organização e valorização de todas as áreas dessa nova gestão que se entenda que o caminho correto passa primeiramente pelos atletas representantes das categorias, discutindo e formulando com eles as suas necessidades para chegar na nossa diretoria!

1. Fale um pouco sobre o que já está previsto para as categorias Longboard, Surf Adaptado e SUP para 2022 e o que pode evoluir para 2023?
As etapas de Longboard e Stand UP Wave serão casadas, elas vão passar por Sergipe, Paraíba e Santa Catarina, Estados que sediarão uma etapa do Brasileiro dessas categorias pela primeira vez, nossa ideia é diversificar as regiões e abranger todo território nacional, para potencializar as modalidades nestas regiões, nós sabemos que elas têm bons competidores nestas categorias, mas de regra eles não viajam por falta de apoio, então nós vamos até eles.
Para 2023 a ideia é ampliar para Estados como Espirito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas e Bahia, não somente Long e SUP, mas também Stand UP Race, que foi medalha de ouro no último Pan-americano com Lena Magalhães, junto com Chloé Calmon no Longboard, nós vamos investir nessas modalidades medalhistas.
Pela primeira vez teremos uma competição também de Surf adaptado no Brasil, aqui em Pernambuco, numa melhor de três, dessa melhor de três sairá a equipe que representará o Brasil no ISA em Dezembro na Califórnia. Esse evento será um dos mais bonitos que a Confederação vai realizar, o Brasil se surpreenderá com nossos atletas, nós temos de oito a dez campeões mundiais de surfe adaptado e muita gente não sabe, não conhece, eles são fenômenos, surfe adaptado era o único evento que faltava em minha carreira de mais de 500 eventos, eu estou muito orgulhoso e muito feliz pela Confederação nessa nova gestão realizar esse campeonato.
2. Como tem sido o “dia a dia” da CBS com as Federações e outras Instituições?
Nós estamos trabalhando junto a elas com muita frequência, nesse período já percebemos que elas precisam de assessoria, de quinze Federações, apenas quatro tem estrutura para fazer um termo de fomento ou entrar em projetos incentivados, a função da Confederação agora é diferente, ao invés de apontar o dedo e dizer que elas estão irregulares e simplesmente não ajudar em nada, como era antigamente, agora nós vamos ajuda-las através do projeto CARAVANA DO SURFE, em todos os Estados por onde passaremos esse ano, com palestras explicando o que Federações, Associações e clubes precisam para ficarem aptas a convênios e renuncias fiscais. Vamos identificar também através da pasta social de Jojó as escolas de surfe, que hoje são fontes de rendas de muitos ex-atletas, sabemos que a maioria delas estão sem planejamento ou irregulares, a ideia é que consigamos ajuda-las, dando condição de trabalho, criar critérios para fiscalizar e acompanhar, para a cada ano elegermos as 15 melhores Escolas do Brasil, esse será um trabalho desenvolvido pela diretoria social, encabeçada por Jojó e mais um grupo de pessoas, assim como no meio ambiente também, a gente vem com muita coisa nova, com projetos incríveis também, com Duda Tedesco e Jojó no comando.
Então o trabalho junto as instituições é isso, vamos ajudar a elas se documentarem vamos chegar junto com o que for preciso, até financeiramente para que eles possam se organizar, mas vamos cobrar prazos também, a ideia é que todos se regularizem, se isso não acontecer, eles perderão os benefícios que a Confederação pode passar para esse estado, de quinze Federações nós temos doze com pensamento muito redondo de unidade, as outras três estamos conversando, mas temos nosso limite de aceitação dentro de nosso projeto de gestão, quem não quiser se organizar, até mais, obrigado, prazer.
3. Quais são as principais competições da ISA que existem pela frente?
Temos ISA e PASA, neste momento estamos com uma equipe em El Salvador, que viajou pela primeira vez com um coordenador técnico nacional, que é o Pinga, com técnicos, preparador físico, filmaker, equipe completamente uniformizada, desde o tênis até o boné, com toda estrutura, gastamos mais de 500 mil reais com a ida dessa equipe. A próxima vai ser o PASA com pranchinha, Longboard e Stand UP e já está definido também o ISA de Porto Rico no final de outubro e início de novembro de Stand UP, esses são os eventos estamos esperando ainda a definição do ISA OPEN que provavelmente deve ser em Huntington em setembro ou novembro. Onde vai equipe profissional, é open mas é profissional, esse ano vai ter direito a duas vagas, acho que uma masculina e uma feminina, e também estamos aguardando o ISA Longboard que até agora não foi lançado, só o PASA, esses eventos já têm orçamento aportado, vamos investir esse ano cerca de 2 a 2,5 milhões com a ida de todas as equipes para representar o país em diversas modalidades, de onde vem isso? Não me pergunte, estamos fazendo das tripas o coração para mandar e conseguir, e vamos conseguir sim, pode ter certeza.
4. A confederação mandará um corpo técnico para essas competições afim de auxiliar os atletas?
Sim, todas as delegações vão com corpo técnico, coordenadas por Pinga que é nosso coordenador técnico nacional, ele viaja com todas as equipes, e para cada uma ele convida para a assessoria técnica dele as pessoas mais direcionadas para aquela modalidade, já começou agora em El Salvador, é isso, vamos pra frente, pra frente é que se anda.

1. Quais os objetivos iniciais para o desenvolvimento do surf feminino brasileiro? Estamos trabalhando com dedicação e entusiasmo para possibilitar a retomada do surfe feminino brasileiro. O circuito profissional da CBSurf foi lançado com um calendário robusto, serão doze etapas em seis meses, com uma premiação recorde e igualitária. Os últimos anos foram muito difíceis para todas as atletas, várias tiveram que optar por outros caminhos, não priorizando ou até mesmo abrindo mão das suas carreiras como surfistas profissionais. A medida que os eventos profissionais acontecerem, a engrenagem irá voltar a girar! Mas não é somente isso, é importante que as atletas se sintam valorizadas para que assim possam novamente vislumbrar uma carreira. Uma retomada com dignidade e respeito. Somente assim haverá a solidificação do surfe feminino profissional e as surfistas irão ter a certeza de uma carreira sólida, um futuro. Nas categorias de base o projeto é desenvolver um ambiente para que as jovens atletas, que são o futuro do esporte, possam se desenvolver técnica e competitivamente. Elas precisam se sentir seguras e amparadas pela Confederação para que possam vislumbrar e projetar uma carreira esportiva dentro do surf.
No Longboard e no Stand Up Paddle o calendário também é robusto, e por serem etapas seletivas para a formação da equipe brasileira que irá ao PASA e ao ISA SUP ainda esse ano, estes eventos têm uma enorme importância. Temos ainda o compromisso de implementar políticas de desenvolvimento no Master, Big Wave e no Parasurf. Planos estratégicos estão em andamento para essas categorias que já nos trouxeram vários títulos internacionais.
2. É perceptível cada vez mais a presença feminina nos line ups, isso está acontecendo também na cena competitiva?
A presença feminina no line up é uma realidade há algum tempo. É um estilo de vida que conquista todas e sendo assim um caminho natural para todas aquelas que enxergam a vida através de um olhar voltado a natureza, da harmonia e no prazer que o surfe proporciona. Sem dúvidas o surfe vai além! Não tem gênero, classe, etnia, idade ou físico. Quando falamos da presença de mais meninas e mulheres no mundo competitivo e do crescimento desportivo como um todo, o projeto é mapear esses talentos pelo Brasil e nesse ponto acreditamos que as escolinhas de surfe, associações locais e as federações tem um papel primordial para esse mapeamento. Normalmente os novos talentos são descobertos por estas entidades, o papel delas é importantíssimo para o desenvolvimento das atletas. E juntos, através desse mapeamento, o projeto é proporcionar um cenário onde mais meninas possam ter a oportunidade de crescer dentro do esporte. Ainda neste escopo, treinamentos de campo e intercâmbios serão uma forma de darmos o suporte e viabilizar oportunidades relevantes ao desenvolvimento dessas meninas.
3. Quem são as pessoas que trabalham diretamente com a você neste planejamento do crescimento do surfe feminino?
Diretamente comigo na área do feminino está a Karina “Kika“ Abras, juntas estamos desenvolvendo os projetos direcionados ao surfe feminino em todas as categorias. Temos também contato direto com as representantes da comissão de atletas, são elas: Monik Santos (Surf), Yanca Costa (Surf), Monique Pontes (Longboard) e Aline Adisaka (SUP). Aliás, a comissão de atletas é composta por oito representantes, metade são mulheres, o que por si só já é um feito histórico.
Elas estão sempre nos dando um feedback sobre todas as demandas e anseios das atletas. Esta colaboração por parte das representantes é muito importante para mapearmos e definirmos ações na Confederação visando o desenvolvimento e a valorização das mulheres em todas as modalidades. Estamos também em contato direto com o Luiz Pinga, responsável pelo Desenvolvimento e Alto Rendimento da CBSurf, e alinhados aos objetivos estratégicos expressos em nosso planejamento, desenvolveremos um projeto macro, para que a médio e a longo prazo mais meninas possam se desenvolver, e consequentemente trazer mais títulos para o Brasil. Nossas ações irão além do cenário de competições, estamos gradativamente trabalhando para a inserção de mais mulheres em todas as áreas de atuação. Pela primeira vez na história teremos juízas na equipe técnica e coordenadoras de prova nos campeonatos. Além disso, toda equipe brasileira que irá representar o Brasil em eventos internacionais contará com uma técnica somente para as atletas. A concretização disso já é uma realidade, no ISA Junior que está acontecendo agora em EL Salvador, Andrea Lopes (tetra campeã brasileira Profissional) é a técnica exclusiva da equipe feminina. Em paralelo estreitamos laços com a Coordenadoria das Mulheres no Esporte do COB, liderada pela atleta olímpica Isabel Swan. No último mês, fomos convidadas pela coordenadoria para participarmos do webnário “Chamada para a ação: Por mais meninas e mulheres no Esporte“, organizado pela ONU Mulheres e com a participação de entidades do setor privado, de organizações esportivas e da mídia comprometida com a igualdade de gênero. As palestrantes apresentaram dados estatísticos coletados e mapeados nas mais diversas organizações esportivas nacionais e internacionais com o objetivo de avançar na promoção de mais meninas e mulheres no esporte. Ainda em maio, tivemos uma reunião inspiradora com a Isabel onde tivemos acesso a informações e ferramentas que nortearão os nossos projetos. Recebemos ainda o total apoio da coordenadoria para a concretização das estratégias de desenvolvimento do feminino dentro da Confederação.
Enfim, o trabalho será imenso, o desafio foi lançado. Contamos com o apoio e a autonomia da CBSurf para delinear e implementar políticas de inserção e o desenvolvimento das mulheres no surf competitivo e em todas as esferas da Confederação. Definitivamente uma nova e promissora realidade dentro da CBSurf!

1. Dá para resumir a essência dos dois acordos entre a CBS e a Dream Factory?
Acredito que a essência desta parceria está no amor pelo esporte e por fazer a diferença! Não para CBSurf, mas pelos surfistas e Federações! Que vem levando o surf nas costas há muitos anos!
2. Podemos entender que a CBSurf vai buscar a maior parte de suas receitas na iniciativa privada?
Acho que é cedo para falar. Mas acredito que uma entidade como a CBSurf tem que estar preparada para atacar várias fontes de receita.
3. E com Prefeituras e Estados, já existe algum diálogo?
Já estamos falando com várias prefeituras e Governos de Estado! É uma questão de tempo até o calendário se acomodar nos lugares mais fortes.
4. Como tem sido a receptividade e a relação com o COB?
O COB tem sido um anjo da guarda pra gente! Eles estão nos ajudando, nos ensinando a andarmos sozinhos e torcendo muito por nós! Só tenho gratidão a toda equipe do COB.
5. Com apenas dois meses de gestão vocês apresentaram um calendário com quantidade de etapas e premiações inéditas, como vocês conseguiram viabilizar mudanças tão significativas?
Primeiramente fomos ao COB e conquistamos o direito de usar uma verba que sobrou do ano passado! Depois juntamos com a deste ano, após isso negociamos com a Dream Factory o Que faltava para dar o start neste sonho! Agora nossa meta é melhorar o sonho!!! 2023 vem com várias novidades!
6. Teco Padaratz foi competidor, representante de atletas, licenciado da ASP/WSL. Com o pouco tempo que você tem como presidente é possível dizer que essas experiências lhe ajudaram em tomadas de decisões na Confederação?
Com certeza minha experiência em eventos de grande porte me ajudou muito, bem como ser da comissão de atletas! Assim posso ter o ponto de vista deles sempre! E ainda acompanhado pelo Paulo e Brigitte, que cuidam do esporte e dos atletas, me sinto completamente seguro e confiante no meu trabalho como Presidente!
7. Qual sua mensagem para o surfe brasileiro?
Tenham paciência e fé, pois em breve estaremos colocando o surfe numa realidade nunca vista antes no Brasil, e esse vai passar a ser o novo padrão da Confederação.
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