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Foto do escritorRedação | Vision Surf |

Sinais de cansaço e falta de patrocínios, denunciam que alguns Tops devem parar ao final do ano.

Em 2022 provavelmente teremos muitos rostos novos na elite do surfe mundial, não falo exatamente da renovação normal pelo QS, onde 10 surfistas sobem, mas sim por um numero maior de vagas que provavelmente abrirão em virtude de possíveis aposentadorias, nenhuma delas confirmadas com a exceção de Adriano, mas muitas delas bem desenhadas.


Julian Wilson - Campeão Teahupoo 2017 - Foto:WSL

Depois de seu vice-campeonato mundial em 2018, Julian Wilson voltou para o tour irreconhecível, parece que usou toda a energia de sua vida naquele ano, onde, até as semifinais do Pipeline Masters entrarem na água ele tinha chances de título, em 2018 Julian foi o único surfista não brasileiro a vencer uma etapa do tour, ou melhor, duas, Julian venceu na Gold Coast e também na França. De lá para cá muitas coisas aconteceram, o aussie terminou 2019 na 11º posição do ranking, sua pior colocação desde 2014, ano passado veio a pandemia, o circuito parou e abriu-se para ele um novo mundo, ele pôde ficar em casa um ano inteirinho com a esposa e filho recém-nascido, somado a esse novo momento de vida, tem o fato dele ter perdido o seu patrocinador principal em uma manobra de rompimento unilateral, que evoluiu para uma ação judicial na California, Estado sede de seu antigo patrocinador. Tudo isso parece que refletiu em seu desempenho este ano, Julian ocupa atualmente a 17º posição do ranking e a leitura que se faz de seu momento é de pouco animo com as viagens e as restritas chances de título, não seria surpresa vê-lo parar ao final deste ano, Julian passou toda sua carreira protagonizando, ser um coadjuvante sem patrocínio de bico não parece ser um cenário ao qual ele se encaixe.


Adrian Buchan - Campeão Teahupoo 2013 - Foto:WSL

Outro australiano cujo o desenho da aposentadoria é ainda mais claro que o de Julian, é Adrian Buchan, apelidado de Ace, Adrian é o surfista mais velho do tour depois de Kelly. Em 2021 o cenário é o pior possível para Ace, ele não disputou a etapa de Pipeline, onde em tese teria chances de bons resultados, afinal ele é exímio tuberider. Na Austrália ele fez duas 17ª colocações e uma 33ª nas três primeiras etapas, em Rottnest, Ace não competiu por estar machucado, o resultado disso é sua atual posição no ranking, a 34º colocação. É pouco provável que Adrian consiga chegar entre os 22 que se reclassificam para o ano que vem, é difícil também ele conseguir uma vaga de machucado, já que Kelly e Kolohe se machucaram antes, e agora também o John John pode precisar dessa vaga, ainda que Adrian queira continuar, suas chances são mínimas, para não dizer quase inexistentes, e para completar, assim como Julian, Adrian Buchan também perdeu seu patrocinador, que aliás era o mesmo, a Hurley.

Adriano de Souza, o surfista brasileiro de maior longevidade no tour, já anunciou que vai parar esse ano, do auto de sua sabedoria Mineiro mostrou-nos que entende perfeitamente as fases da vida, ele deu aula de maturidade competitiva em seus 15 anos na elite, agora dá aula de maturidade ao fazer sua última volta programada, podendo se despedir dos amigos espalhados pelo mundo, e passando um pouco de seu legado para os surfistas mais jovens do tour, ponto para nosso Capitão.


Jeremy Flores - Campeão Teahupoo 2015 - Foto:WSL

Jeremy Flores é uma das maiores personalidades do tour, um cara que costuma falar quase tudo na lata, um dos caras mais sinceros em suas declarações, recentemente Jeremy fez um post bastante enigmático, onde ele denuncia subliminarmente seu desejo de parar, talvez isso ainda não esteja absolutamente claro em sua mente, mas é fato que ele está construindo sua decisão para o momento do anuncio, pelas circunstâncias, não é difícil acreditar que Jeremy deva parar esse ano também. Em suas redes ele disse: “Vim para a Austrália surfar 4 eventos. Eu não me saí bem. Não consegui adaptar-me bem o suficiente às ondas. Os jovens de hoje estão muito mais preparados para surfar qualquer tipo de onda. Ultimamente estou me esforçando muito para surfar, tenho feito isso só quando as condições estão boas, pago o preço por isso agora, sem desculpas. Este ano restam poucas provas. Vou tentar fazer um melhor desempenho”. Com essa declaração Jeremy reafirma um certo cansaço do tour, que vez ou outra lhe coloca em mares ruins, ele parece não querer mais ter a obrigação de surfar dentro daquele critério de meia hora e duas ondas, com jovens com mais gana e mais fissurados que ele em todos os tipos de merrecas. Em 2019 Jeremy fez uma de suas inúmeras declarações pra lá de sinceras, essa especificamente já denunciava seu cansaço, quando ao vencer Ezekiel Lau em Bells Beach no Round 32, com um mar dobrado, flertando com 15 pés, com baterias no sistema de overlapping heat e duração de 50 minutos, na entrevista após a bateria, ao ser perguntado se ele já havia surfado antes uma bateria de 50 minutos, Jeremy respondeu: “Não estou surfando 50 minutos nem no freesurf”. Talvez hoje, dois anos depois, ele já esteja no seu limite com as obrigações imputadas pelo tour. Tudo indica que vejamos o bi-campeão do Pipeline Masters parar.

Além de Adriano que já anunciou sua parada, Adrian, que não tem muitas expectativas de reclassificação, Julian e Jeremy que dão sinais intensos que estão cansados, ainda tem Kelly Slater, que em 2022 fará 50 anos de idade, 31 deles competindo no tour, a pergunta é: Será que Kelly ainda volta?

São muitas as variáveis nessa equação, mas a verdade é que ao final de 2021 devemos ver alguns desses caras parando, além de tudo que já falamos, o novo formato de classificação com cortes no meio da temporada deve ser um fator de peso também. Vamos aguardar até o final da temporada e ver se conseguimos ler bem as entrelinhas das possíveis aposentadorias, até lá, temos o nosso time para torcer e possivelmente o quinto título para comemorar.

Aloha!



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