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Em entrevista exclusiva a Vision Surf, Gabriel Medina fala sobre seus 10 anos de Circuito Mundial.

Atualizado: 22 de jul. de 2022


Dez anos se passaram desde que Gabriel Medina chegou ao Circuito Mundial, de lá para cá, o garoto franzino que assombrou o mundo ao vencer sua primeira etapa em 2011 na França aos 17 anos, cresceu e construiu a mais vitoriosa história que um surfista brasileiro já conseguiu. Em 10 anos Gabriel ganhou 17 etapas na elite, número que lhe colocou dentro do seleto grupo dos 10 maiores vencedores do circuito mundial de todos os tempos. Tornou-se tricampeão mundial, um competidor voraz, capaz de mexer com o psicológico até do tio Kelly. Gabriel virou um divisor de águas para o surfe brasileiro, tirando o Brasil da incomoda reputação de patinho feio do surfe mundial, para catapultar o país à saborosa condição de maior potência do surfe do planeta. Gabriel Medina confirmou todas as expectativas que nós tínhamos a respeito de seu surfe, particularmente, acho até que ele foi além. Certa vez Peter Mel disse: “Quando olhamos para ele caminhando para uma bateria, ele passa a impressão de ser imbatível”, obviamente ninguém é imbatível, mas os números que Gabriel Medina construiu dentro do circuito mundial ao longo de sua carreira, certamente corrobora com essa fala.

A solidez dos números e a aparente facilidade para conquista-los, não reproduz de maneira fiel o difícil caminho que Gabriel trilhou para chegar onde ele chegou. Abdicação, dedicação, força de vontade, superação e muitas baterias polêmicas transformaram a promessa de 2011 no tricampeão mundial de 2021. O caminho da estreia até o tricampeonato mundial é aquilo que vamos retratar nessa entrevista, uma entrevista completamente voltada para a história de Gabriel dentro do Circuito Mundial, acompanhe agora a carreira de Gabriel Medina por Gabriel Medina.



Você completou esse ano dez anos na elite, ao todo foram oito temporadas e meia (2011 Gabriel entrou na metade, 2020 não aconteceu) nesse período você conseguiu três títulos mundiais e só ficou fora dos top três por dois anos (2012-2013), ao chegar no circuito em 2011 você projetava uma carreira de tanto sucesso?

Verdade, fazem 10 anos que eu estou no circuito mundial, claro que eu sempre sonhei grande né, sempre procurei melhorar em todos os aspectos, treinei bastante todos esses anos, mas nunca imaginei que eu ia chegar onde eu cheguei, com certeza foi além de meus sonhos. Eu tinha um sonho de ser três vezes campeão mundial, o que para mim na época parecia ser muito distante. É muito louco né, passa um filme na minha cabeça, desde o dia que eu comecei a ver que eu gostava realmente do surfe e queria aquilo para minha vida, e hoje o surfe mudou minha vida, mudou minha história, eu sou muito grato ao esporte.


Seu primeiro evento na elite foi em Trestles, você perdeu no terceiro round para o Josh Kerr, no evento seguinte, no primeiro round você fez a pior média da bateria, uma das piores do dia, esse evento foi França 2011, que veio a ser sua primeira vitória na elite. Como virar a chave de um início ruim e ganhar confiança para vencer logo em sua segunda competição?

É realmente, é muito difícil virar a chave, você tornar aquele momento ruim num momento bom, até porque tem poucos minutos pra gente performar, mostrar nosso melhor, essas viradas de baterias que eu tive ao longo de minha carreira foi algo que na verdade me diferenciou do resto, porque é um negócio muito difícil, mas é uma das situações que eu mais me sinto confortável, eu gosto desses desafios sabe, de você tá precisando de algo ir lá e dar a volta por cima, é daí que vem minha confiança sabe, porque eu treino, me dedico todo dia, estou ali na água treinando, fora da água também, então eu sei o que vou precisar nesses momentos, é o que fez a diferença na minha carreira eu acho, tive baterias que falavam que era impossível de virar, e ai eu ia lá e conseguia, e não foi uma ou duas vezes, foi a maioria das baterias que eu tive, então é difícil, não é fácil, mas tem que estar com a cabeça em dia, bem treinado e muito confiante no que você faz, ai isso acontece.


Dois eventos depois você vencia pela segunda vez, em San Francisco (CA), naquela ocasião, assim como na França, você encontrou Kelly Slater outra vez em uma bateria de quartas de final, impondo a Kelly a segunda derrota no segundo confronto direto, essas vitorias lhe deram confiança para vencer esses eventos?

É.. Quando eu entrei no circuito eu ganhei duas vezes do Kelly, em duas quartas de final, homem a homem, foi o ano que o Kelly ganhou o título mundial, então foi um ano que ele estava focado 100%, ganhando eventos, ele era... ele sempre foi o Kelly né, mas ele estava num... posso falar até que ele estava em um dos momentos do auge da carreira dele, então ganhar dele naquela situação entrando no circuito foi algo que eu falei... caraca, até que não é tão difícil assim, eu estava disputando contra o melhor do mundo em meus dois primeiros eventos e venci ele, eu falei opa... acho que aqui é meu lugar e acho que eu vou conseguir fazer mais disso, então sim, você cria confiança, ganhar baterias grandes assim dá confiança, e ai isso ajuda a você melhorar cada vez mais, na verdade eu tinha um sonho realizando ali naquele momento que era competir contra o Kelly, o maior do esporte, e ter vencido ele acho que também fez parte na questão de melhorias né, que me deu confiança durante todos esses anos.


Em 2012 você teve o primeiro resultado polêmico em sua carreira, a derrota para Julian Wilson na final de Portugal, a partir daí, as baterias entre vocês eram sempre as mais disputadas das competições, nasceu em Portugal uma rivalidade com o Julian?

Sim... eu e o Julian sempre tivemos baterias apertadas, essa de Portugal por exemplo foi uma, depois dessa derrota o efeito disso foi muito grande, porque todo mundo viu essa injustiça, no dia foi muito triste pra mim, é ruim quando você dá tudo de você, você treina, você se esforça todo dia e tal, claro que é um esporte subjetivo, mas quando é muito na cara as pessoas falam né, na época, pô, metade do circuito mundial tinha postado, tinha falado, era época de Twitter, a galera encontrava a gente na praia e falava, pessoas que entendem, que já foi campeão mundial, pessoas que estavam brigando pelo título mundial, falando que foi a maior sacanagem, mas enfim, são coisas que acontecem. Eu acho que tive essa infelicidade mas acho que depois o universo contornou, essa e todas as situações que eu já passei, então é o processo sabe, independente do que você está fazendo você tem que fazer o seu melhor, sem se preocupar com o resultado e sim em você se auto desafiar e procurar melhorar, o resultado vai ser consequência. Hoje eu consigo falar isso, na época foi muito frustrante, eu era moleque e tal, chegando no circuito, eu sabia que eu ganhei aquela bateria e o resultado foi pro outro lado, mas é o processo... eu não vou falar que faz parte porque é difícil de aceitar, mas as vezes pode acontecer.


2014 Primeiro Titulo de Gabriel Medina - Foto: ASP

Em 2014 você quebrou alguns tabus, primeiro goffy a vencer na Gold Coast em dez anos, primeiro brasileiro a vencer em Fiji. Além disso você venceu em Teahupoo com as maiores, mais pesadas e mais perfeitas ondas já registradas em competições ali, essa competição foi um divisor de águas em sua carreira?

Sim, as etapas que eu venci em 2014, Gold, Fiji e Teahupoo foram etapas que sim, eu acho que quebrei tabus, foram etapas que era muito difícil de ganhar, ainda é, mas na época era mais impossível ainda, e ganhar como eu ganhei né, tive a final em Teahupoo com Kelly no maior Teahupoo que eu já surfei na vida, e mais perfeito também, ganhar dele ali, ganhar na Gold Coast contra o Mick Fanning, o Joel Parkinson, o Taj, que são caras de lá, caras que são campeões mundiais também foi um desafio, ganhar Fiji também... enfim, foram eventos que eu reconheço que foi fora da curva porque são ondas realmente que era difícil de bater esses caras, era tipo, eu entrei nessas baterias pensando: Pô o que vier é lucro porque os caras são os favoritos, então só quero surfar e me divertir, pra ser sincero, falar que eu tive a certeza de que em cada bateria dessa teria uma vitória, é mentira, eu não tinha, na verdade eu estava satisfeito de ter oportunidade de estar ali, só isso, não estava esperando nada além. Mas eu sabia que se viesse as ondas melhores ali e eu fosse inteligente nas baterias eu sabia que eu poderia ganhar, enfim,2014 foi um ano que foi fora da casinha mesmo, foi incrível.

Além de Kelly Slater e Andy Irons, você é o único surfista a vencer em Fiji, Pipeline e Teahupoo. Você treinou muito nessas bancadas ou Maresias e Paúba são suas arenas de treinos para dominar essas ondas?

Caraca eu não sabia que além do Kelly e o Andy eu era o único a vencer Fiji, Havaí e Teahupoo, irado, fico feliz. Eu treinei muito em Maresias e Paúba que são ondas pesadas, eu acho que o dia a dia nessas ondas, todo dia tá ali na água conhecendo, se conectando, surfando ondas difíceis e pesadas, me ajudou sim a chegar nesses lugares e performar bem. Eu tive uma escolinha muito boa, foram situações difíceis que eu já passei aqui e situações de gloria, que são aqueles mares perfeitos, de altos tubos, enfim, hoje eu me sinto confortável em cair aqui com dois metros e meio perfeito sabe, na época era muito difícil, tudo é um processo e você vai aprendendo, conhecendo, se conectando, então essa conexão que eu tive aqui eu consegui levar para outros lugares, eu sinto que antigamente os surfistas brasileiros sofriam muito nessas ondas né, eu não sei, parece que era mais difícil ainda, então é muito bom chegar nesses lugares e me sentir em casa, eu só surfei aqui, na verdade eu nunca fui de viajar pra surfar, aqui foi minha escola, Maresias e Paúba.


Nos anos após 2014, você começava a embalar apenas no meio do tour em diante, ainda assim sempre chegava no Havaí disputando o título, qual é sua leitura para inícios de temporadas tão ruins como 2015, 16 e 17?

Depois de 2014 eu disputei praticamente todos os títulos, porquê que o início era difícil? Eu acho que sempre é difícil aquela perna australiana que são ondas que favorecem o cara que surfa de frente para a onda, mas além disso, depois de 2014 eu sempre fui um nome que neguinho fica prestando a atenção, fica cobrando, fica criticando, fica falando, então é claro que eu sempre escutei essas coisas e isso acaba influenciando no seu dia a dia né, sempre tem uma cobrança muito grande, eu acho que eu acabei botando muita cobrança em mim mesmo, por isso que no começo é sempre mais devagar como a mídia fala, porém é uma combinação de coisas, eu acho que é o tipo de onda, toda essa situação que eu fui amadurecendo também, hoje eu não vejo mais assim, hoje eu sou mais tranquilo com isso, eu tento evitar de ficar vendo matéria e tudo mais, fico mais concentrado no surfe, até por isso esse ano foi um ano incrível, o começo do ano foi o melhor para mim, de quatro etapas eu ganhei duas, outra fiquei em segundo, outra em nono, então eu acho que essa parte mental de início de ano hoje em dia está recuperada, eu aprendi todos esses anos para hoje ter essa tranquilidade.


O retrospecto mostra que Margaret River é de longe a pior parada do tour para você. Você consegue identificar os motivos pelos quais suas performances naquela onda são abaixo das outras?

Margaret é uma etapa muito difícil de surfar, pra mim é uma onda muito ruim de surfar e que eu não acho muita graça, mas é uma etapa que eu ainda quero ter um resultado bom, é mais um desafio, eu nunca tive um resultado bom ali, eu preciso me adaptar melhor, talvez eu tenha esse bloqueio em minha cabeça né, tipo ah... eu nunca tive um resultado e continuar assim, então eu pretendo melhorar os próximos anos que eu for para lá, vou trabalhar em cima disso.


Embora tenha duas semifinais (2013/2016), seu retrospecto no Brasil também não é dos melhores, existe alguma pressão com a qual você não saiba lidar nas etapas brasileiras?

É, no Brasil eu sempre tive uma pressão a mais, é que o no Brasil é difícil né, é muita gente, é muita mídia, é muita coisa... tipo... eles botam uma pressão em mim a mais, mas isso é normal, eles quererem esse “a mais”, então é um negócio que na real eu nunca lidei, na verdade eu nunca gostei de competir em casa, mas é uma etapa que eu amaria ganhar, é uma etapa que seria um sonho, ganhar em casa é uma coisa que eu não consegui ainda, eu quero focar nisso também, um dia eu pretendo ganhar aqui no Brasil, espero que nesse próximo ano, que vai voltar né? Fico feliz de tá voltando uma etapa para o Brasil.


2018 Segundo titulo de Gabriel Medina - Foto: WSL

Na bateria contra o Conner Coffin em Pipeline 2018, por quinze minutos você esteve atrás no placar, chegando a ficar em combinação. Você sentiu que o título estava ameaçado em algum momento?

Então, na bateria contra o Conner Coffin em Pipe 2018 foi uma bateria que eu comecei devagar e ele me botou de combinação né, claro que é uma bateria que te faz pensar: Caraca será que logo agora? Pô, de novo chegar tão perto assim e deixar escapar? Passa tudo na sua cabeça na hora, mas eu confiei no mar naquele dia, eu vi que tinha altas ondas e eu sabia que se eu esperasse ali, se tivesse calma minhas ondas iam vir, era aquele dia que você sente que ia dar tudo certo, eu estava confiante, por isso eu conseguir manter a calma e acreditar até o final, como eu falei em umas perguntas acima, essa virada de jogo que fez diferença em toda minha carreira, quando as pessoas duvidavam eu ia lá e provava que eles estavam errados, então essa foi mais uma vez que eu provei que eles estavam errados, seja lá quem for que estava torcendo contra ou achava que eu tinha perdido, não foi daquela vez. Mas foi uma bateria legal, dá vontade de voltar lá atrás e fazer tudo de novo.


Em Portugal 2019 aconteceu a polêmica da prioridade com o Caio, embora todos que assistiam acreditassem que você tinha a prioridade, no palanque a placa informava que o Caio estava com a posse. Você acha que essa situação comprometeu seu resultado no final do ano?

Essa bateria contra o Caio, sim... com certeza foi crucial, porque provavelmente se eu passasse e avançasse mais um pouco eu praticamente teria garantido meu título no Havaí, mas faz parte né, são coisas que... bem, não é que faz parte, como eu falei antes é difícil aceitar isso, não foi um erro meu e sim deles lá, só que é muito difícil quando acontecem esses erros, nunca assumem, então você tem que ter uma postura de assumir e seguir em frente, claro que na hora eu fiquei triste, fiquei bravo, mas não tem muito o que fazer, eu queria focar em meu título mundial, então aquela bateria foi crucial, na verdade eu poderia falar que foi onde eu perdi o título mundial, mas tudo acontece no seu tempo e não foi por acaso, foi um aprendizado, então hoje em dia eu tento não dar chances para o azar.


Ao longo dos anos você se sentiu prejudicado por causa de julgamento? Se sim, quais foram as situações que você lembra?

Já tive muitas baterias polemicas, já declarei isso algumas vezes, fui muito prejudicado, fui muito, mas eu sempre tive fé que um dia as coisas iam mudar, independente do que estavam fazendo eu tinha meu sonho e todos esses anos na verdade eu tentei fazer de um jeito que não desse chance para o azar, eu surfava pro 8.00, pro 10.00 para tirar uma nota 7.00, 6.00, é mais ou menos isso, sempre exigiram muito de mim, e sim, esses anos foram difíceis em questão de julgamento, mas ultimamente eu não tenho nem pensado nisso, no final do dia eu penso porque que eu estou ali e é isso que me motiva, porque se fosse por causa de julgamento eu já tinha desistido faz tempo, essa é a verdade.


Quem foram os caras mais difíceis de vencer ao longo desses 10 anos de tour?

Ao longo desses 10 anos os caras mais difíceis de vencer eu acho que foi o John John né, o John John e o Julian, eu sempre tive baterias muito difíceis com eles, sempre muito disputadas, tinha baterias que eu ganhava e baterias que eles ganhavam, e assim, é sempre muito dividido, esses são os caras principais que eu disputei título, que estavam ali todo dia botando pressão, foram eles que me ajudaram a puxar o nível de competição, o nível de surfe, porque eles são excelentes competidores e excelentes surfistas, é bom está no circuito que tem esse tipo de pessoas que te ajuda a melhorar, como falei, já ganhei muito deles mas também já perdi, então é boa a competição.


Quais foram as vitórias mais saborosas e as derrotas mais amargas?

As vitórias mais saborosas foram em mares que estavam perfeitos, por exemplo aquela final em Teahupoo com Kelly em 2014, a final com o Parko em 2014 também lá na Austrália, na França também já tive algumas, são naqueles mares gostosos de surfar, vou falar que todas as minhas vitorias no WCT foram gostosas, agora, as derrota é como eu falei, já tive várias baterias polemicas, é que eu não gosto de injustiça e o que não é verdade, então isso me deixa muito triste, inclusive teve uma lá em Trestles que eu fiquei com uma vontade imensa de parar de surfar, eu queria dar um tempo na verdade, eu achava que os juízes estavam acostumados comigo, eu entrei cedo no circuito, na verdade eu estava tentando achar algum motivo para entender o que tinha acabado de acontecer, dessa vez eu quase dei um tempo.


Existe alguma bateria especial em sua mente? Porque?

No momento a bateria especial seria essa final que eu acabei de ter na Califórnia, que eu dei o back flip, essa vai demorar para sair da cabeça, deu tudo certo, foi perfeita a final, então por enquanto é essa.


2021 Terceiro titulo de Gabriel Medina - Foto: Pat Nolan/WSL

Esse ano você colocou doze mil pontos à frente do segundo colocado em apenas sete etapas, a última vez que uma diferença de doze mil pontos aconteceu foi em 2011 quando Kelly impôs essa diferença sob Parko, naquela ocasião em 11 etapas. Existe algum fator que você enxergue como fundamental para explicar um ano tão superior?

Na verdade foram 12 mil pontos porque não contaram a final da Califórnia, mas realmente esse ano foi um ano muito na frente em questão de pontuação, fico feliz por minha performance e por poder colocar tudo na água e ter meu melhor ano profissionalmente, foi engraçado por que esse ano minha mulher falou que eu ia quebrar recordes, eu nem sabia que dava para quebrar recordes no surfe ainda, aí as coisas foram acontecendo desde o começo do ano, e eu fui quebrando recordes né, claro que eu batendo meus próprios records né, em número de vitórias, título mundial e tudo mais, foi muito legal esse ano, foi um ano diferente para mim, talvez tenha sido o mais divertido, e como eu falei, fico feliz de poder ter feito tudo 100%.


Você pretende manter o Andy King em seu staff para os próximos anos?

Sim pretendo manter o Andy King em minha equipe, ele foi um cara incrível de viajar e me ajudou ali diariamente, pretendo sim ficar com ele, deu certo, como eu vou mudar o que está dando certo?


Alcançado o tricampeonato, quais seriam as próximas metas?

As próximas metas? Bem, agora eu quero descansar, quero ficar um pouco em casa, esse ano foi um ano muito puxado, um ano diferente de viagem atrás de viagem, não parei direito em casa, quero pensar nas próximas metas, ter certeza das minhas escolhas, claro que eu vou continuar competindo, porque já falaram que eu ia parar né, eu quero continuar competindo mas eu tenho que dar um tempo em casa, dar uma relaxada e partir para pensar a próxima meta.


Quem são seus amigos no tour?

Eu acho que no circuito todo mundo é amigo, todo mundo tem uma relação boa, é tipo um escritório, você está indo trabalhar e você fala com todo mundo, da oi, tchau, pergunta como estão as coisas? Mas claro, uns você tem mais intimidade outros você tem menos, mas eu acho que todo mundo se trata bem, com respeito e amizade, até porque a gente se vê no circuito muito mais do que eu vejo minha casa por exemplo, então eles fazem muito parte da minha rotina, mas claro que eu sou mais chegado dos brasileiros, tenho algumas amizades com os gringos, mas é mais respeito, coisa de trabalho, é isso.


Em 2018 após seu segundo título, Kelly Slater fez uma postagem enaltecendo o surfe do Filipe Toledo, sobre seu bicampeonato Kelly não escreveu uma única linha. Que tipo de relação vocês têm?

Essa pergunta é boa, o Kelly é engraçado, ao mesmo tempo que ele me ama, ele me odeia sabe? Eu sinto. Parece. Mas sei lá, vai entender né, ele deve ter suas razões, é o jeito dele. Eu acho que ninguém vai entender porque ele sempre foi um cara meio místico, não dá para entender, hoje em dia eu tenho uma relação boa com ele, a gente conversa por mensagem de texto, fala direto, aí você vê ele ao vivo tem dia que ele te dá oi, tem dia que ele não te dá oi, então não dá muito para entender, mas ele é um cara legal, os momentos que eu tive com ele especialmente ultimamente, ele dá muita atenção quando a gente está conversando, e eu aprendo bastante com ele, ele é o cara né, esse é o Kelly. Não sei se eu conseguir explicar, mas ele é um cara muito legal e as vezes estranho.


Ao vencer o WSL Finals você entrou no seleto grupo dos dez maiores vencedores da história do circuito mundial, o que falta realizar em sua carreira?

Pois é, foi isso que eu falei. No começo do ano minha mulher falou que a gente ia quebrar recordes esse ano, pô eu fico muito feliz de estar entre eles porque são pessoas que fizeram o esporte, mudaram o esporte, deixaram o legado no esporte, por isso que existe novas gerações, a minha geração, as anteriores e futuras... o esporte é isso, é inspirar, é estar constantemente servindo de exemplo e fazendo essa molecada sonhar, eu fico feliz de estar nesse grupo porque são pessoas influenciadoras, por isso que eu continuo surfando, me esforçando, porque eu quero ser um deles também, quero fazer diferença. Na verdade eu sou meio leigo com essas coisas de história do surfe, eu sempre surfei e gostei de surfar então eu focava nisso, mas eu sei que tem muito mais além disso, claro, tem as pessoas que eu conheço de minha geração, mas as anteriores que são história mesmo, fizeram muitas coisas lá atrás, por isso que tá acontecendo tudo isso em nosso esporte, então eu pretendo continuar o legado.


Que conselho um tricampeão mundial daria para um jovem talento que está começando a carreira?

Conselho? Eu acho que independente do que você está fazendo, você tem que fazer algo que você gosta, que você é apaixonado, porque é difícil dar errado, todo dia você vai ter aquela sensação boa de estar ali no lugar certo, e eu acredito que as coisas acontecem assim, como aconteceu na minha vida, então, quando for fazer algo tem que fazer com paixão, se dedicar porque não adianta você só amar e fazer de qualquer jeito, tem que se dedicar, tem que abrir mão de algumas coisas para você alcançar seus objetivos, seus sonhos, e é diariamente, constantemente, por isso que eu falo que é difícil, difícil mesmo, mas faz parte da vida, o que se torna mais fácil é trabalhar com algo que você gosta, eu daria esse conselho, e se divirta muito, a vida é incrível, pense positivo, se divirta, leve o melhor do que a gente tem aqui na terra, porque passa rápido, é isso.


A Vision agradece a atenção de Gabriel Medina e a colaboração especial de Muniky Sena.




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