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Jordy, Julian, Owen: Jovens veteranos, velhas promessas.

Atualizado: 8 de fev. de 2021


Jordan Michael Smith, no mundo do surfe simplesmente Jordy Smith, entrou na elite do esporte em 2008, desde então Jordy vem construindo seu currículo com notórios resultados, ele é um dos caras mais autoconfiantes e por isso um dos mais difíceis de ser batido no tour, não atoa já venceu seis etapas na elite.

Jordy Smith campeão em Trestles 2016 - Foto WSL

Com um talento acima da média, Jordy faz questão de lembrar o que ele sempre escuta de seu pai, quando relaxa um pouco ele ouve: “Nunca pense que você é tão bom, sempre haverá garotos por aí que têm mais vontade e querem mais”. Esse discurso parece um enlatado motivacional saído de livro de auto ajuda, mas, aos trinta e dois anos, doze deles na elite do surfe, já tendo alcançado sua melhor forma e tendo como melhor resultado dois vice campeonatos, essas palavras perdem o apelo do enlatado motivacional e ganham mais de cinquenta tons de sabedoria. Ter em sua história dois vice-campeonatos, seria muito mais do que os melhores sonhos da maioria dos surfistas, seriam resultados excelentes para bons surfistas, más é pouco para Jordy, o sul-africano é bem mais que isso, ele é completo, em alguns momentos chega a ser brilhante, más, por algum motivo a intensidade máxima do seu brilho ainda não reluziu o resultado esperado. Quando imaginávamos que sua hora havia chegado, que seu brilho levaria para a África do Sul mais um título, ele viu Gabriel e John John assumirem o protagonismo que um dia imaginávamos que seria dele, mais do que isso, Jordy ainda viu seu contemporâneo Adriano de Souza levantar a taça, e para finalizar, viu a vitória de um garoto que se encaixa perfeitamente nos conselhos de seu sábio pai, Jordy viu Ítalo Ferreira ser campeão mundial.

Jordy empurrando o pé de trás em J-bay - Foto WSL

O passar do tempo nos acostuma a aceitar suaves vitórias ou suaves derrotas, o ponto de vista é a diferença entre uma coisa e outra, esperamos que Jordy não se contente com suaves vitórias, esse ano ele terá novas oportunidades para tentar seu tão merecido título, em um novo formato que talvez passa beneficia-lo, embora não seja uma tarefa fácil, esquecendo os inúmeros exemplos de Kelly, Parko em 2012 já provou que isso é possível.


Julian é outra antiga promessa que esbanja respeito, lá atrás esse colunista imaginava que aos 31 anos o ozzie já teria ao menos um título para chamar de seu, más, assim como Jordy, ele ainda não conseguiu alcançar aquilo que parecia obvio, o título mundial.


Julian Wilson, vencedor do Teahupoo 2017 - Foto WSL

Julian Wilson é aquele cara que extraia de nós, muito em virtude de suas intermináveis vitórias sobre os brasileiros, um certo “nojinho”, com a mudança de ASP para WSL ele deixou de ser o queridinho, nós brasileiros não temos nenhuma “memória afetiva” com o cara, ele é o nosso maior carrasco no circuito, sempre vence os brasileiros na última onda nos segundos finais, a onda sempre vem, a nota também, nem sempre parecem justas, más o que parece justo no surfe pode ser facilmente substituído por um termo que justifica qualquer aberração no julgamento, a tal subjetividade, más independente de subjetividades não podemos negar, o surfe do Julian é de campeão, o cara tem estilo, fluidez, radicalidade, elegância, eficiência, entuba, voa, tem os melhores carvings do circuito, pancadas verticais, progressividade, e para fundir nossa cabeça, o cara dá entrevistas maneiríssimas que nos fazem acreditar que ele é gente da melhor qualidade. Julian é um pacote perfeito como surfista e atleta, más então porque ainda não venceu? Bem, embora o Julian seja um competidor bastante sagaz, parece faltar a ele a força que move os predadores, mesmo sempre chegando, em alguns momentos parece que ele vê o título como algo realmente muito distante, resumindo, Julian parece ter a síndrome de Taj, espero vê-lo vencer, “já que não vimos o Taj”, seria justo com o surfe, seria justo com o surfe do Julian.


Julian invertendo tudo em J-bay - Foto WSL

Uma coisa é característica entre os campeões, os “olhos de tigre”, parece que só vemos esses olhos no Julian quando seu confronto é contra o Gabriel, más isso não é o suficiente, para seu azar, o ano em que ele chegou mais próximo do título, ele já enfrentou Gabriel com o troféu de bicampeão nas mãos, esperamos que em 2021 ele entenda que subjetividade ganha bateria, más não um título, e em sua carreira é só o que lhe falta, Julian é um dos surfistas mais completos que já passaram pelo tour, um título para coroar sua carreira seria justo, muito justo.


Completando o trio das apostas ainda não vencidas aparece Owen Wright, o mais jovem dos três e também o menos lembrado nas bolsas de apostas, ao menos aqui no Brasil, Owen já foi a grande aposta australiana, mas a impressão que tenho é que com o passar do tempo ele se acostumou a ser apenas uma expectativa, e isso parece fazê-lo bem, já que expectativas quase nunca morrem.


Owen Wright - Vencedor Gold Coast 2017 - Foto WSL

No circuito desde 2010, as vitorias de Owen são muito poucas para o surfe de quem foi tido como futuro campeão, Owen venceu apenas quatro etapas nesses dez anos, é verdade que, todas elas foram com contornos de vitórias maiúsculas, sua primeira conquista foi em 2011, Owen venceu o Quiksilver Pro New York, evento que distribuiu até hoje a maior premiação para os atletas, depois, em 2015, Owen venceu em Fiji (grandão e pesadão) fazendo duas baterias perfeitas, em 2017, depois de um ano parado e sem saber se um dia poderia voltar a surfar, ele venceu a primeira etapa que disputou, provando que envergou más não quebrou, e para finalizar venceu Gabriel Medina em Teahupoo em 2019, de virada, surfando embaixo da prioridade do brasileiro. Owen sempre vence sem margens para subjetividade, ele é o tipo de surfista que nunca puxa o bico ou alivia na pancada, seu surfe é agressivo e versátil, mesmo sendo o mais alto surfista do tour ele surfa bem nas merrecas, nas cracas ele chega sempre como um dos favoritos, más, assim como Jordy e Julian eles estão saindo fisiologicamente daquilo que podemos chamar de “auge da forma física e competitiva”, em esportes coletivos isso é mais facilmente burlado, mas o surfe é um esporte individual, um esporte muito particular onde o surfista está sempre medindo forças e habilidades com a mãe natureza.


Owen - Gold Coast 2017 - Foto WSL

Por isso nossa torcida é para que Owen Wright consiga virar essa bateria nos minutos finais, deixando de ser uma grande expectativa, para ser um grande campeão.

É difícil acreditar que em 2021 um deles seja campeão, na verdade é difícil acreditar que qualquer gringo com a exceção do John John consiga ser campeão, porém em virtude das mudanças realizadas pela WSL no formato do tour, Jordy, Julian e Owen, além de outros nomes, tiveram suas dificuldades bem amenizadas, já que tudo se resumirá em “o melhor” do último dia, os jovens veteranos terão um empurrãozinho a mais para deixarem de ser velhas promessas, talvez o tão sonhado título mundial possa chegar no apagar das luzes, mas antes é necessário combinar com os brasileiros, vamos aguardar.



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