GRANDES MOMENTOS DO TOUR - Bells 2013 - Mineiro toca o sino.
Bells é a mais tradicional etapa do circuito mundial de surf profissional, a competição existe desde 1962 portanto há 58 anos, de lá para cá Bells vem sendo dominada pelos melhores, e quando se fala “em melhores” em qualquer circunstância, um nome jamais estará ausente, Kelly Slater, em 2013 o careca recebeu em Bells um visitante indesejado, o brasileiro Willian Cardoso surfista do WQS (divisão de acesso a elite), que era CONVIDADO para o evento, pode se dizer que Willian conseguiu uma proeza que poucos haviam conseguido, vencer Kelly Slater em Bells, Kelly ao lado de Mick Fanning é o maior vencedor da etapa, assim como Mick ele venceu ali 4 Vezes (94, 2006, 2008, 2010). Além de impor uma derrota precoce ao maior de todos os tempos, Willian Cardoso impôs muito respeito e imprimiu muito surf durante toda a bateria. O careca do alto de seu trono de rei de todas as majestades parecia não acreditar que foi atropelado por um Panda desgovernado nas gélidas direitas australianas, saiu da água recolhendo as certezas de uma grande vitória que havia ficado espalhada na areia, o visitante atropelou e destronou vossa majestade. Caiu um dos favoritos da etapa na sexta bateria do terceiro Round.
Na bateria seguinte outro gigante cairia, Joel Parkinson, então campeão mundial e tricampeão em Bells (2004, 2009 e 2011) Parko fez a melhor bateria da competição perdendo com a somatória de 19.10, seu algoz foi o Brasileiro Raoni Monteiro, que fez a maior somatória do evento, 19.17, Raoni foi incontestável em sua apresentação, foi uma apresentação digna de sua história, e Parko? Bem, Parko passaria qualquer outra bateria de toda a competição com essa soma, mas, parafraseando Drumont, no meio do caminho tinha um Raoni, tinha um Raoni no meio do caminho.
Nesse Round o nível foi tão alto que apenas apenas duas das doze baterias tiveram vencedores marcando pontuações abaixo de 16 pontos.
Na bateria final Adriano de Souza enfrentou o rookie Nat Young, quando passou por Taj Burrow na semifinal Nat garantiu que Bells teria um novo campeão, já que Taj era o único dos quatro semifinalistas que havia vencido ali, o ano foi 2007. Fazer uma final logo em sua segunda etapa no tour, sobre tudo sendo a etapa mais tradicional certamente deve dar muita confiança ao competidor, e Nat já abriu a bateria ON FIRE, ele parecia realmente destinado a vencer más para isso ele teria que superar o mais competitivo atleta do tour, Adriano de Souza, Adriano vinha de uma vitória nas quartas de final sobre o campeão do ano anterior Mick Fanning e de uma bateria exaustivamente competitiva nas semifinais contra o cara que vinha fazendo o melhor surf, o encrespado Jordy Smith, essa bateria teve uma pontuação altíssima, Adriano anotou 18.44 no placar, contra 18.40 de Jordy.
Voltando à final, Mineiro usou todos os recursos e estratégias que a regra lhe permitia, ele disputou remada e marcou seu adversário para se manter na frente por todo o tempo, já no final do confronto Adriano mostrou que além de muito surf no pé e muita garra, também é necessário ter estratégias com plano A,B e C, se quiser vencer, ele viu Nat entrar em uma onda espumada, e, em fração de segundos foi capaz de ler que aquela onda poderia dar a virada para o americano, então Mineiro fez uso da regra e aplicou seu direito de PRIORIDADE, fazendo a onda que poderia dar a vitória para Nat. Quando tem Adriano de Souza na água, a missão é cumprida, então, em uma segunda feira 1º de abril para nós aqui no Brasil, 52 anos depois de sua estreia, o 1º brasileiro tocou o sino de Bells, o nome dele? Adriano de Souza!
Três etapas depois Nat Young perderia outra final para outro brasileiro, dessa vez em Fiji, e quatro anos antes, ali mesmo em Bells a brasileira Silvana Lima já havia tocado o sino, mas isso é assunto para outra coluna.